O modelo de governação, com comissão executiva e conselho de administração (da Caixa), está de novo a gerar tensão (na Caixa), como aconteceu quando António de Sousa era o presidente da administração e Mira Amaral o (presidente) do executivo. (Expresso/Economia, de ontem)
É público e notório que Faria de Oliveira, o presidente do CA, que faz a ponte com o Governo, pretende manter o poder e o protagonismo que detinha quando era presidente do executivo da Caixa durante um período em que o banco do estado se afundou para níveis inadmissíveis se não existisse em Portugal um círculo de compadrio de inimputáveis que fortemente contribuiram para arruinar o país.
Sabemos pelos media que, por exemplo, a Berardo e a mais uns quantos foram concedidos, entre outros, financiamentos pela Caixa para comprarem acções do BCP, que a intervenção do financiamento pela Caixa na compra da Compal está ser objecto de investigação no MP, sabemos que o BPN financiou Américo Amorim para a compra de posição estratégica na Galp (quem é que o financiou agora na compra da posição da ENI?), (o Rendeiro e comparsas do BPP ainda nem sequer foram acusados), mas desconhecemos em absoluto o desenrolar destes e de muitos outros processos que levaram a banca portuguesa, e, em particular, a Caixa, aos níveis de desconfiança absoluta nos mercados financeiros. Tudo em nome do segredo bancário. A nós, contribuintes, só é dado conhecimento da conta que temos a pagar.
Voltando ao modelo de governação da Caixa, é por demais evidente que o Conselho de Administração é, conceptualmente, uma fantasia quando há um único accionista, como é o caso, criada para garantir altas rendas a uns compadres. Se os compadres se limitam a assinar o recibo e calar, não se dá por eles. Se o compadre presidente entende mostrar-se e interferir na gestão corrente, haverá, obviamente, choque com o presidente do executivo. Resultado: a única via para acabar com a fantasia, os enredos que ela provoca, as rendas que garante e nós pagamos, seria acabar com ela. Seria, se quem lhes garante os rendimentos levasse também para esse lado a política de austeridade. Mas não parece que esteja, nem venha a estar, virado para esse lado.
Mesmo com os escândalos passados e em curso (o financiamento da OPA na Brisa, anteontem duramente criticada por Jorge Sampaio e Rui Rio) ninguém trava a pavorosa vocação da Caixa. Ainda segundo a notícia do Expresso/Economia a que me referi no início deste apontamento, António Nogueira Leite deverá ficar com o pelouro da banca de investimento. Entre outros cargos foi (não sei se ainda é) membro da José de Melo Investimentos, SGPS, que vai ser financiada pela Caixa para OPA da Brisa.
É preciso fazer um desenho?
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Act. - Marcelo Rebelo de Sousa discorda de Rui Rio. Porque, diz ele, as cotações da Brisa têm estado em queda, o tráfego nas auto estradas está a cair, tornando a Brisa vulnerável a uma OPA. Como a Caixa detem 6% de participação na Brisa, ao financiar o Grupo José de Mello desalavanca a posição que detem, e evita (maiores) menos valias.
Aparentemente, o raciocínio parece convincente. Mas faltou a Marcelo explicar o seguimento. Como será garantido o financiamento? Com as acções compradas por José de Mello? Se as cotações continuarem a cair, como é esperável pela Caixa (pressuposto do argumento de Marcelo (?)) onde vai parar a desalavancagem?
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Act.- A CGD afinal apenas detem 2% da Brisa, reconheceu Marcelo. Vd. aqui
Mesmo com os escândalos passados e em curso (o financiamento da OPA na Brisa, anteontem duramente criticada por Jorge Sampaio e Rui Rio) ninguém trava a pavorosa vocação da Caixa. Ainda segundo a notícia do Expresso/Economia a que me referi no início deste apontamento, António Nogueira Leite deverá ficar com o pelouro da banca de investimento. Entre outros cargos foi (não sei se ainda é) membro da José de Melo Investimentos, SGPS, que vai ser financiada pela Caixa para OPA da Brisa.
É preciso fazer um desenho?
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Act. - Marcelo Rebelo de Sousa discorda de Rui Rio. Porque, diz ele, as cotações da Brisa têm estado em queda, o tráfego nas auto estradas está a cair, tornando a Brisa vulnerável a uma OPA. Como a Caixa detem 6% de participação na Brisa, ao financiar o Grupo José de Mello desalavanca a posição que detem, e evita (maiores) menos valias.
Aparentemente, o raciocínio parece convincente. Mas faltou a Marcelo explicar o seguimento. Como será garantido o financiamento? Com as acções compradas por José de Mello? Se as cotações continuarem a cair, como é esperável pela Caixa (pressuposto do argumento de Marcelo (?)) onde vai parar a desalavancagem?
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Act.- A CGD afinal apenas detem 2% da Brisa, reconheceu Marcelo. Vd. aqui
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