as contas continuam por fazer.
Ouço na Antena 1, esta manhã, que o presidente da RTP ( o mesmo é dizer o presidente lá da casa) insiste em que o governo abra mão de mais uma excepção e lhe outorgue a condição de gestor de empresa em concorrência e, desse modo, seja pago, ele e os seus colegas gestores da RTP, acima do salário do primeiro-ministro.
Como é que uma empresa que, por um lado está encostada ao orçamento do estado e dele recebe uns largos milhões anuais*, que nos cobra taxas à sucapa nas facturas da electricidade, que tem uma dívida maior que ela avalizada pelo estado, pode ser considerada em concorrência? Só na república dos bananas.
Quem está em concorrência é o senhor presidente da RTP e os seus vogais. Se ele, ou ele e eles, têm oportunidades de serem melhor remunerados, por que não dão o salto e mudam de patrão ou de negócio?
Ipsis verbis, para os caixeiros (conselho de administração e comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos). Que concorrência enfrenta a Caixa, que dispõe dos favores do estado e obedece aos governos, a todos, recolhe a maior fatia das poupanças dos portugueses, por obrigação, por tradição, por distracção ou por inércia? E que com elas interveio e continua a intervir em guerras e negócios que lhe deviam estar proibidos? E, para lá de tudo isto, importou endividamento que agora custa austeridade a muitos e nenhuma a outros, definhou ainda mais a economia do país, embebedando-a com miragens, e agora tem de ser recapitalizada a fundo perdido?
Já noutro registo, aparece um banqueiro privado também a puxar, como é habitual em Portugal, pelas abas do chapéu do estado, que de tanto puxado já está quase todo roto e acabará em fanicos. Trata-se do novo presidente do maior banco comercial português. O maior bcp, como é sobejamente sabido, tem de ser, dizem, recapitalizado, o mesmo é dizer que precisa de empréstimos intermediados pelo estado porque os accionistas privados não se chegam à frente. Quer dizer o estado endivida-se, e em vez de pagar o que deve, empresta ao bcp (à Caixa não empresta, dá). Em que condições? Estão em negociações. O ministro das finanças quer uma participação accionista (que será maioritária, mas sem direito a voto!) o presidente do maior banco comercial português (cujas acções não valem unitariamente um chavo) quer CoCos ( obrigações de capital contingente, que contarão para o reforço dos rácios, mas que não implicam a emissão de novas acções). Num caso ou noutro, o mais provável, é que aconteça uma nacionalização de facto, mas a fazer de contas que não.
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Act. - O défice das contas do Estado aumentou mais que o esperado em consequência da redução das receitas fiscais e da transferência de 350 milhões de euros para a RTP para pagamento de dívidas da empresa (20/4/2012)
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Act. - O défice das contas do Estado aumentou mais que o esperado em consequência da redução das receitas fiscais e da transferência de 350 milhões de euros para a RTP para pagamento de dívidas da empresa (20/4/2012)
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