Saturday, April 21, 2012

CEFALÓNIA*

A memória comanda a existência dos indivíduos e das sociedades. Diz-se, a memória dos homens é curta, mas não é curta nem é longa, cada uma tem a exacta medida de cada um, porque são a mesma coisa. Um indivíduo sem memória não existe, vegeta. A dimensão incorpórea de cada sociedade, a que geramente se chama cultura, é do tamanho da sua memória. É na memória que se sedimentam os valores prevalecentes em cada época em cada sociedade, e que lhe traçam o percurso.  

Que pode ser tortuoso. A memória da hiperinflação na Alemanha, na sequência das insuportáveis indemnizações que os alemães, considerados principais culpados da Guerra 1914/18, se obrigaram a pagar, e a subsequente tomada do poder pelos nazis, que arrastaram os alemães para novo conflito mundial, e mais uma humilhante derrota no espaço de duas gerações, permanece indelével na memória teutónica passados 80 anos.

E na memória dos outros? Daqueles que a Alemanha ocupou e desvastou, e se reergueram, incluindo a Alemanha, em grande medida com a ajuda dos EUA, o que subsiste?  A união europeia forjada com o intuito primordial de evitar novo conflito progrediu sem grandes percalços e nítidas vantagens comuns até ao momento em que, subitamente, os valores morais foram convocados para dirimir os conflitos emergentes de descontrolos financeiros de alguns dos seus membros.

E começou a primeira parte daquilo que pode ser uma terceira guerra europeia. Inamovível na sua fixação contra uma solução que consentisse um nível de inflação controlada no espaço europeu, a Alemanha persiste numa política de sanções que, já está mais que provado, os países devedores não vão poder cumprir. A história não se repete mas ensina. O que vai ocorrer quando a situação de ruptura for ( se vier a ser) incontrolável? Se não for possível conciliar um conjunto de valores nucleares entre os membros do clube, ou alguns membros são expulsos, ou alguns membros se retiram, ou, mais provavelmente, o clube dissolve-se.

Se isso ocorrer, a memória recordará o passado repassada com os ódios semeados na primeira metade do século passado. Que foi ontem.

Ontem à noite vi na televisão "O Capitão Corelli" - "Captain Corelli's Mandolin" -, mais uma história de amor em tempo de guerra. Não é filme que perdure na memória. O que nunca deixará de perdurar, contudo, na memória dos gregos foram as atrocidades cometidas pelas tropas nazis na sua terra. E se do baú da memória saltam os fantasmas esquecidos, a diferença entre povos germânicos e os nazis torna-se difusa e perigosa.
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*Cefalônia (português brasileiro) ou Cefalónia (português europeu) (em grego Κεφαλληνία) é uma ilha e uma unidade regional da Grécia, localizada na região das Ilhas Jônicas. Sua capital é a cidade de Argostoli. Está separada de Ítaca pelo estreito de Ítaca. O nome da ilha é derivado de Céfalo, filho de Deioneu; exilado de Atenas por ter matado sua esposa Prócris, ele ajudou Anfitrião a destruir os teleboanse passou a habitar esta ilha, que recebeu o nome de Cephallenia por causa dele.[1]
Durante a Segunda Guerra Mundial, a ilha foi ocupada pelos italianos em 1 de maio de 1941 como parte da campanha da Grécia. Depois do armistício de 8 de setembro de 1943, as forças de ocupação italianas recusaram-se a entregar as armas e munições a seus ex-aliados alemães e foram atacadas com a perda de cerca de 3000 homens. Dos sobreviventes, outros 5000 foram executados em represália (14-22 de setembro de 1943). (aqui)

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