Afirma João Salgueiro, aqui: "Temos vivido num clima de grande mentira" e, explica as razões da sua acusação. É difícil discordar dele ainda que o que Salgueiro, neste caso, afirma, um popular seja bem capaz de ser tão certeiro quanto o prestigiado economista que desempenhou, entre outras funções, foi presidente do Banco de Fomento, Presidente da Caixa Geral de Depósitos, Ministro das Finanças, e Presidente da Associação Portuguesa de Bancos entre Março de 1994 e Março de 2009.
Em 1994 ainda governava Cavaco Silva, Guterres governou até 2002, Barroso & Santana Lopes até 2005, quando Salgueiro saiu da presidência da APQB em 2009 governava Sócrates. De 2009 para cá a presidência da APQB passou a ser ocupada por António de Sousa, que, entre outras funções foi Governador do Banco de Portugal, em Setembro de 2010 afirmava que " a banca portuguesa vive pior momento da crise".
Vítor Constâncio, que foi Ministro das Finanças, foi também Governador do Banco de Portugal entre 1985 e 1986 e voltou a ser entre 2000 e 2009.
O que é que estes três grandes senhores têm, entre outros, em comum: assistiram impávidos e serenos à construção da mentira que Salgueiro denuncia.
Há dias um amigo meu, que discorda de mim acerca da enorme responsabilidade dos bancos na crise em que o país se afundou, perguntava.me, em defesa dos banqueiros: O que é que tu querias que eles fizessem? O ministro das Finanças chamava-os e intimava-os a subscrever a dívida pública que ninguém queria subscrever. Que podiam eles (coitados!) fazer em tais circunstâncias senão assinar e entregar a massa?
E foram alguns dos mais importantes banqueiros portugueses também convocados pelo governo grego com idêntico propósito e rodeados das mesmas ameaças?, perguntei mas fiquei sem resposta.
E foram alguns dos mais importantes banqueiros portugueses também convocados pelo governo grego com idêntico propósito e rodeados das mesmas ameaças?, perguntei mas fiquei sem resposta.
O que pensava, na altura, Salgueiro disto? Denunciou? Tentou que os banqueiros percebecem a inevitabilidade do desastre se não arrepiassem caminho? Não era, na circunstância, essa a sua missão fundamental como presidente da APQB?
O que pensava Constâncio, que gosta de pensar, acerca do afundamento que, era por demais evidente mesmo para quem não habitava nos bastidores da encenação da tragédia?
Sousa, em Setembro de 2010, disse o que disse, mas alguém deu por ele entre 2005, quando deixou a presidência da CGD e 2009 quando foi nomeado presidente da APQB?
Um dia, contou-me o meu amigo, o presidente de um banco, perante a chamada de atenção que ele lhe fazia de estar o sistema a exagerar no crédito ao consumo com todas as consequências dramáticas a que essa política inevitavelmente iria conduzir, respondeu-lhe: Não se preocupe. Estamos a fazer as pessoas felizes.
E a ele arquimilionário.
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