Em declarações aos jornalistas no final de um almoço organizado pela Câmara de Comércio Americana em Portugal, Belmiro de Azevedo começou por questionar "por que é que o Estado fez 'overspending' sem saber ler nem escrever, estragou dinheiro... e os bancos idem”.
Sobre a garantia deixada minutos antes pelo governador do Banco de Portugal, no mesmo evento no Porto, de que “a liquidez está aí, com grande estabilidade para três anos”
Liquidez para três anos? Resta saber para onde vai esse dinheiro.
Liquidez para três anos? Resta saber para onde vai esse dinheiro.
Para Belmiro de Azevedo, insistiu, falta dinheiro “na actividade económica real”. E “a única actividade económica real é a que cria empregos e investe, os outros são intermediários”.
Belmiro de Azevedo é sobejamente conhecido pela sua frontalidade e independência relativamente ao poder político. Já é mais discutível se a contribuição da seu grupo para a "economia real" tem o impacto que a sua dimensão atingiu. Belmiro de Azevedo, ainda que isso lhe possa custar admitir, é mais "merceeiro" que industrial, a contribuição do seu grupo para o crescimento da economia portuguesa não se faz do lado da produção mas da intermediação e da actividade financeira que lhe está inerente. Fora da "mercearia" tem colhido mais dissabores que louros. Se o consumo interno cresceu para além dos limites que a capacidade dos portugueses consentia, se a balança comercial se desequilibrou ainda mais que o costume, o grupo de Belmiro ajudou nesse sentido e não noutro.
Belmiro ao acusar, e com todo a razão, os banqueiros e ao desconfiar deles, ignora apenas esse pormenor que faz toda a diferença: Também o seu grupo beneficiou da política vesga com que colocaram a economia do país ainda mais de pantanas do que já estava, dizimando grande parte dos já fragilizados sectores transaccionáveis do país e engordando os protegidos.
A propósito: Admite o chairman (parece que é esse o título oficial do cargo, em português) da CGD que o
reforço de capital da CGD deve ser da ordem dos 1500 milhões de euros. Quem paga? Eu, tu, ....
Ele é inimputável. E bem pago.
Belmiro por portas travessas tem razão.
1 comment:
Achei graça, no melhor sentido, à sua afirmação da independência de Belmiro de Azevedo relativamente ao poder político. No caso dele, a questão que se põe é mais a de saber se o poder político é independente de Belmiro.
Passe este comentário um tanto lateral à matéria, é certo.
Post a Comment