De vez em quando, o juiz é réu. Depois, geralmente é absolvido pela cumplicidade corporativa e, a Justiça afunda-se mais no julgamento do cidadão comum.
Por atrasos na elaboração de acórdãos e elevado número de processos pendentes há mais de seis meses, há mais de um ano, a juíza auxiliar da Relação do Porto Joana Salinas desde Julho de 2007 foi alvo de processos disciplinares em Maio de 2009 e Janeiro de 2010. Entretanto, foi promovida a juíza desembargadora do mesmo tribunal em Julho de 2010.
Acontece que a desembargadora Salinas é presidente da delegação de Matosinhos da Cruz Vermelha. E, para se desembaraçar do aperto em que está metida, contratou advogados, pagando-lhes com os fundos da Cruz Vermelha. Agora, vd. aqui, ser julgada por peculato. Considerando os precedentes, talvez seja promovida a juíza do Supremo
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O PS divulgou hoje, vd. aqui, o relatório de uma comissão de especialistas - Uma década para Portugal* -, que suporta um extenso conjunto de propostas que, supostamente, serão acolhidas no programa do partido a submeter ao eleitorado dentro de cerca cinco meses. Destaco a página dedicada à Justiça. Considerando as culpas da falta de justiça na crise moral em que o país está atolado há muito, e que é causa maior da crise financeira, que é garrote da economia, as propostas da comissão de sábios para imprimir confiança interna e externa na Justiça em Porugal são, manifestamente, inconscientes da dimensão do problema que se propõem resolver.
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* 4.4.6 Aumento da celeridade, acessibilidade e confiança no recurso à Justiça
O sistema de justiça constitui um obstáculo ao bom funcionamento da economia quando as decisões são
lentas e o prazo para resolução de conflitos é difícil de estimar; quando os procedimentos e as próprias
decisões são obscuros; ou quando o sentido das decisões é imprevisível pela variedade da jurisprudência.
Uma reforma modernizadora da justiça deve procurar resolve estas deficiências, permitindo decisões mais
rápidas dos conflitos e cujo sentido seja previsível; e processos mais transparentes para os agentes
económicos, cujo tempo de duração seja possível conhecer. As alterações necessárias do sistema não
requerem significativos meios financeiros, mas sobretudo a reengenharia do sistema, a motivação dos
agentes e a redução do peso de rotinas burocráticas instaladas.
Proposta:
A reforma deve assentar nos seguintes eixos essenciais:
• Tornar mais transparente o sistema de justiça para o cidadão.
• Introdução de mecanismos de informação ao utente que permitam conhecer a duração média do
tipo de processo no tribunal e acompanhar o seu estado e os prazos de tramitação previsíveis;
• Gestão mais eficiente da componente não jurisdicional da administração da justiça, com objetivos
quantificados e claros, formação na gestão e incentivos à produtividade;
• Utilização intensiva de tecnologias de informação na gestão processual, com alargamento dos
sistemas abrangidos, e na comunicação;
• Simplificação processual com redução dos atos processuais redundantes ou sem valor
acrescentado e repensando o papel dos vários agentes do sistema reduzindo as intervenções não
essenciais;
• Possibilidade de distribuição de atos processuais isolados e de carácter meramente documental
para tribunais com menor carga processual;
• Criação de novos mecanismos para a uniformização de jurisprudência;
• Desformalização e utilização de linguagem compreensível por todos em atos processuais que se
dirigem aos utentes;
1 comment:
Conversa tem a nossa Joana muita, como dizia a minha avó.
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