Monday, June 23, 2014

VIRA O DISCO

Num comunicado divulgado hoje, disponível aqui*, "os CTT – Correios de Portugal, S.A. (“CTT”) informam sobre a intenção de formalizar o acordo de parceria com o BNP Paribas Personal Finance (Grupo BNP Paribas) para distribuição de produtos de crédito ao consumo, no âmbito do Memorando de Entendimento (MOU) assinado em 8 de maio de 2014." A avaliar pelo comportamento ascendente das acções em bolsa, num dia de queda generalizada, os accionistas parecem apreciar o acordo anunciado.

Tanto a Cetelem como a Cofidis, ambas filhas do mesmo progenitor, o BNP, já estão há vários anos muito activas no mercado português no negócio da concessão de crédito pessoal a quem terá dificuldade em pagá-lo. São estúpidos? Não devem ser, mas é difícil compreender que alguém que saiba fazer contas e conte pagar o que deve contraia empréstimos junto da Cofidis a taxas de juro de TAEG 10,5%, após "análise da capacidade financeira"ou da Cetelem, a uma "ótima (!) taxa para os seus projetos: TAN desde 8,90% e TAEG desde 10,7%. Crédito remodelações, crédito electrodomésticos, crédito mobiliário"
Nos EUA esta prática ficou conhecida por "subprime" e os "produtos" a que deu origem causadores da crise iniciada em 2008, depois de descoberta a marosca, foram considerados tóxicos e a factura da mixórdia apresentada para pagamento, de um modo ou de outro, aqueles que não foram vistos nem achados no enredo da moscambilha.

Já está toda a gente esquecida disto?
Nos EUA, ninguém o ignora, os contratos "subprime" foram embrulhados (securitizados, dizem os especialistas no bródio) em papel baço e atados com fitas actrativas, e vendidos  através de  "fundos de investimento" por todo o mundo. Estarão os CTT a preparar-se para participar num esquema idêntico? E quantos estarão neste mundo  a virar o disco e a tocar o mesmo, já que não é crível que sejam os CTT pioneiros na matéria? 

O que disse o Banco de Portugal, por onde certamente passou o licenciamento do negócio?
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* Nova comunicação aqui

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