Saturday, March 14, 2009

DC

"... should the Chinese investments stop propping up the (USA) market "
Se isto acontecer, o que se segue?
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"China deal ends for Credit Suisse"
Ensinaram a 'pescar' e foram pescados...?
(citações e comentários, aqui)
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Depois da crise nada ficará como dantes, dizem uns;
Alguma coisa mudará, para que, depois da crise, tudo fique na mesma, dizem outros.
Nada ficará na mesma, penso eu, e a crise irá acelerar o processo de aceleração de desenvolvimento económico e social da China que, inevitavelmente, acelerará os processos de germinação da democracia no que ela tem de mais estruturante: a liberdade de expressão. O que acontece a seguir? Ninguém sabe.
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China e Estados Unidos encontram-se agora amarrados por compromissos económicos e financeiros que, se fossem rompidos, prejudicariam dramaticamente ambas as partes e, colateralmente, todas as economias do mundo. Numa altura em que a crise é global essa ruptura só poderia ter consequências ainda mais desvastadoras. O artigo do Washington Post que transcrevi, aqui, no Aliás, é muito elucidativo do que está em jogo entre as duas potências e das suas vulnerabilidades em caso de conflito económico grave entre elas.
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Não penso, portanto, que a China arrisque confrontar os EUA com o peso das reservas que tem acumuladas porque desse confronto, se viesse a observar-se, resultariam perdas provavelmente maiores para os chineses, e para o resto do mundo.
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Por outro lado, a crise está a demonstrar aquilo que já não deveria carecer de demonstração: a vertente financeira da economia sustenta-se fundamentalmente na confiança entre os agentes económicos e, muito particularmente, nas instituições financeiras, e não no maior ou menor engenho de produção de activos financeiros virtuosos; a honorabilidade que fomenta a confiança é de maturação lenta e pode desfazer-se em instantes; a habilidade para engendrar formas de multiplicação de rendimentos financeiros não sustentados em criação real de bens e serviços é a forma mais eficaz de destruição económica. Sabe-se isso há muito tempo, mas esquece-se com o passar dele.
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Os chineses (na sequência dos japoneses, coreanos, entre outros) foram hábeis em copiar e depois inovar na produção de bens com que inundaram o ocidente. Não pode espantar ninguém que, sem dificuldade, tenham apreendido também os meandros da criatividade ocidental na gestão financeira das suas poupanças e das dos outros. E se, por enquanto, os chineses precisam dos mercados ocidentais para a colocação das suas produções de bens, facilmente os dispensam na área financeira.
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Depois da crise, será, redobradamente, assim.

2 comments:

A Chata said...

"Chinese fund managers, banks and brokerages scrambled to team up with overseas investment banks like Credit Suisse, Goldman Sachs and Lehman Brothers Holdings to sell overseas investment products after the government started the QDII program in 2006."

Lehman Brothers, Goldman Sachs...

""I believe that as more Chinese talent with overseas investment experience returns home, more QDII products will become independent.""


Isto não me cheira nada bem...

Rui Fonseca said...

"Isto não me cheira nada bem..."

Cara Amiga A.,
Estamos ainda bem longe da ultrapassagem desta crise, creio eu.
Os chineses, se entrarem agora, não entram na melhor altura para vender gato por lebre.

Depois do que aconteceu não penso que tudo fique na mesma.

Pela minha parte, poderei continuar a comprar "made in China"
mas não comprarei nenhum "produto financeiro" venha ele de onde vier.
Chinês ou não, não compro.