Friday, March 27, 2009

FOIE GRAS

Há dias, a Cofidis, oferecia-me a possibilidade de obter pequenos empréstimos para eu poder comprar a minha felicidade. Desde 500 euros, com possibilidade de poder pagar em prestações mensais, durante 5 anos. Alguns dias depois, o Unibanco, (ou será a Unibanco?, nunca se sabe o sexo destas coisas), oferecia à minha mulher uma oportunidade semelhante, mas maior.
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Em qualquer dos casos as taxas de juro devidas pela generosidade dos prestamistas excedia francamente os 20%.
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Ontem, constatei que o Santander Totta oferece um cartão de crédito 5% que garante ao titular "descontos atrás de descontos".

Mas com o cartão 5% pode escolher a modalidade de pagamento fraccionado até 65 meses (aplica-se para uma utilização de crédito até 5000 euros). Não pode, no entanto, amortizar mensalmente mais do que 50% do capital em dívida. Sobre este incide uma taxa de juro de 27% (TAB).
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Numa altura em que o endividamento das famílias (para além do endividamento externo das empresas, os bancos e do Estado) constitui a maior ameaça à recuperação da economia por se terem atingido níveis de crescimento das dívidas insustentáveis, continuamos a ser bombardeados (e não só, evidentemente, pelas entidades que dei a título de exemplo) com sugestões de mais consumo e propostas de maior endividamento que procuram atingir, sobretudo, aqueles com menos capacidade para solver os seus compromissos. Aqueles de quem depois se diz que andam a viver acima das suas possibilidades.
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O senhor governador do Banco de Portugal também não tem nada a dizer acerca disto?

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