Sunday, January 31, 2016

VERDADEIRAMENTE DEFINITIVO PROVISÓRIO

O sr. Primeiro-Ministro vai a Berlim para conversações com a Chanceler alemã mas, dizem do seu gabinete, o encontro "não está relacionado com questões orçamentais porque já se encontrava marcado há mais de quinze dias"... e que "o encontro terá como temáticas as relações bilaterais, questões europeias ligadas às migrações e refugiados e, por sugestão de Costa, o "novo impulso para a convergência", uma iniciativa que partiu do último congresso do Partido Socialista Europeu na Hungria".

Até poderia ser verdade se, entretanto, o desencontro entre o Orçamento Bocejado e as exigências de Bruxelas não se tivesse entreposto, não só mas sobretudo, por causa de umas décimas no défice estrutural, que poderão desencadear o esperado, mas não tão prematuro, confronto entre o primeiro-ministro e os parceiros parlamentares que prometeram, condicionalmente, apoiá-lo. 



Entretanto, o sr. Schäuble, que terá ouvido isto, já fez saber que os acordos são para cumprir.
E o sr. António Costa não vai, certamente, perder a oportunidade para obter alguma condescendência alemã na complicada tarefa de desatar, para já, este nó em que está atado.
Tem alguns trunfos?

Não tem grande coisa. É irrefutável que o aumento da despesa pública decorrente da reposição de salários e pensões pesa estruturalmente sobre o défice. E o argumento de que a Comissão Europeia aceitou como estrutural as reduções executadas pelo governo do sr. Passos Coelho, que no plano interno foram assumidas, e confirmadas pelo Tribunal Constitucional, como transitórias, não desfaz a inevitabilidade do aumento défice estrutural em consequência das reposições. 

Mentiu o sr. Passos Coelho à troica garantindo-lhe que as reduções eram, inevitavelmente, estruturais, ainda que internamente deixasse passar a convicção do carácter da sua transitoriedade? Se mentiu, a troica gostou do que ouviu, e foi conivente com a solução pretendida pelo governo português. E a responsabilidade última ficou do lado de Portugal. Mas há uma saída.

Se o sr. Passos Coelho garantiu à troica que os cortes eram definitivos, resta ao sr. António Costa proceder agora ao contrário confidenciando aos ouvidos germânicos que serão transitórias as reposições que prometeu como definitivas. E, muito provavelmente, acertará em cheio. Terá mentido para dentro mas garantirá a sua sobrevivência política até mais ver. 

Saturday, January 30, 2016

MUDAR DE GÉNERO



Uma interpretação soberba de  Eddie Redmayne, nomeado para segundo Óscar, com magnífica réplica de Alicia Vikander.

A não perder.

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Friday, January 29, 2016

JOGO DUPLO

A CGTP advertiu que o facto de o governo ser suportado na AR por uma maioria parlamentar de esquerda não inibiria a confederação sindical de realizar acções de greve sempre que as julgasse necessárias à defesa dos interesses dos trabalhadores.  
O acordo multipartidário permitiu ao sr. António Costa tornar-se primeiro-ministro mas a ninguém passou despercebido que, em nenhum momento, os comunistas iriam deixar de ter alguns pés em São Bento e todos os outros na rua sempre que as circunstâncias os aconselhassem. 

Hoje é dia de greve da função pública, e a srª. Ana Avoila (Quem é Ana Avoila?) é a vedeta do dia : 
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Funções Públicas, da CGTP, estima que a adesão à greve ronde os 70% a 80% de um universo de 293 mil trabalhadores que a federação representa, pertencentes sobretudo a carreiras gerais da administração pública - aqui


Até onde vai a CGTP esticar a corda sem fazer cair o trio no trapézio?

Thursday, January 28, 2016

SUBMISSÃO*

"As autoridades italianas cobriram várias estátuas de nus nos Museus Capitolinos, em Roma, para evitar possíveis ofensas durante a visita de Hassan Rouhani, presidente do Irão. Segundo as imagens divulgadas pela imprensa internacional, Matteo Renzi e Rouhani foram fotografados junto a uma estátua equestre do imperador Marco Aurélio, enquanto à volta os exemplos de nus surgiam cobertos por grandes painéis." - vd. aqui
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* "Submissão" é também o título do livro de Houellebecq que comentei aqui.
Não sei de outra palavra que resuma melhor a postura de cócoras da cultura ocidental perante a obtusidade civilizacional da cultura islâmica actual.
Curiosamente, em Novembro passado, voltaram a ser expostas no Museu de Arte Contemporânea de Teerão, vd. aqui, as obras de arte coleccionadas pela mulher do Xá,  que se encontravam encerradas num cofre forte desde 1979. Valeram a estas obras agora libertadas - de Picasso, Rothko, Warhol, Pollock, Gauguin, Bacon, e vários outros - não despertarem  aos olhos dos clérigos islâmicos concupiscência que os motive. 

Hitler mandou queimar as obras de arte contemporânea que lhe estavam ao alcance por as considerar "arte degenerada". 
Khomeini só as mandou para a prisão num cofre forte, e Hassan Rouhani libertou-as 36 anos depois. Houve progresso, esperemos que não haja retrocesso.


Wednesday, January 27, 2016

AMANSEM-SE!

O catedrático constitucionalista já espumava ira pelos cantos da boca: a decisão do Presidente de não promulgação do diploma que permitia a adopção por casais do mesmo sexo, nem alterações à lei da interrupção da gravidez foi exarada fora dos prazos legais, logo a devolução à AR (vd. aqui os argumentos do Presidente) é inconstitucional. 
A versão exacta dos factos será, eventualmente, diferente, segundo o que pode ler-se aqui, tendo a decisão sido tomada dentro dos prazos constitucionais. 

Entretanto, a líder do BE já se tinha adiantado, como vem sendo norma, a qualquer declaração do PS, garantindo que os diplomas seriam devolvidos à procedência sem quaisquer alterações e o Presidente obrigado a fazer o que deveria ter feito: homologar, independentemente da sua posição pessoal sobre o assunto. 

Tanto a espuma do constitucionalista como a impetuosidade soberba da líder bloquista, revelam uma, intolerável, se houvesse consciência cívica bastante, falta de respeito democrático pela opinião de outros que têm, ainda têm, a liberdade de poder pensar e expressar o seu pensamento de forma diferente. E que, no caso concreto, é a opinião do, ainda em exercício de funções, Presidente da República.

Podemos discordar dessa opinião, podemos criticá-la, mas não podemos negar ao Presidente um dos poucos direitos que constitucionalmente ainda lhe assistem: o de devolver à AR os diplomas que considere insuficientemente justificados. 

Se à violência constitucional que obriga o Presidente, este ou qualquer outro, a homologar tudo com que não concorda, actuando simplesmente como notário do regime, lhe for retirado pela pressão das ocasionais maiorias parlamentares o direito de solicitar a reapreciação em primeira instância dos diplomas aprovados pela AR, é simplesmente absurda a eleição do Presidente por sufrágio directo.

Tuesday, January 26, 2016

MAIS ABSTENÇÃO NÃO É MENOS DEMOCRACIA

No rescaldo das eleições, é recorrente o alarme pelo aumento das taxas de abstenção.
Repito-me:
A  preocupação à volta da abstenção elevada é excessiva, do meu ponto de vista.
Entende-se, geralmente, que uma elevada taxa de abstenção revela menos sentido democrático e o crescimento da abstenção uma ameaça para a democracia. Um dos políticos ouvidos anteontem pela televisão afirmava que "onde a democracia é robusta os níveis de abstenção são baixos, e vice-versa". Ora não é assim. Ou, pelo menos, não é assim em democracias adultas. Outro afirmava que é necessário facilitar o exercício do voto. 

Nos EUA, onde a democracia tem mais de duzentos anos, as eleições presidenciais realizam-se sempre na mesma data - de quatro em quatro anos,  na segunda terça-feira do mês de Novembro - , ninguém está dispensado do trabalho para votar, vota quem quer, fora do horário de trabalho, quem não quer não vota. Está em perigo, por isso, a democracia norte-americana?
Não está.

Forçar o voto, por qualquer meio, por mais bondosa que seja a intenção, é um erro. Só deve votar quem, conscientemente, sabe o que está fazer e não aquele que vota quando e em quem é pressionado a votar.

Por outro lado, é muito evidente, que aqueles que não votam, se votassem, votariam conforme o padrão votante. Aliás, basta analisar os resultados de sondagens com amostras de dimensão muito reduzida (poucos milhares, em amostras muito significativas) quando comparada com uma "amostra" que, no caso das presidenciais de domingo, abrangeu mais de 4,6 milhões de eleitores.
Dizendo isto, não digo que o nível de abstenção não tenha influência nos resultados. É muito óbvio que tem, sobretudo quando esses resultados podem ser influenciados por margens de erro mínimas. Mas o incentivo ao voto realizado com arruadas, painéis, panfletos, brindes, e muitas outras manobras copiadas do marketing comercial, não garante mais verdade democrática aos actos eleitorais porque, certamente, garante menos.

Há uma falha enorme na nossa democracia no que toca a avaliação dos níveis de abstenção: a desactualização dos cadernos eleitorais. Essa falha, sim, deveria preocupar os políticos responsáveis por ela. E todos aqueles que se preocupam com a saúde da nossa democracia.

Monday, January 25, 2016

CONTRA TODOS

O vencedor das eleições presidenciais proclamou  que "não havia vencedores nem vencidos". 
Mas houve.
Nenhum dos líderes partidários mostrou convincente satisfação pelo resultado.  Uns, resignados, felicitaram o vencedor, outros, nem isso. O mais arrombado pelo desastroso resultado do seu camarada candidato garantiu, conforme lhe manda o manifesto, que nada será alterado. E, a olhar impotente  para o lado, atirou sobre o vencedor uma rajada das habituais suspeitas do seu arsenal. 

Percebeu-se bem que as hostes partidárias nem sequer afivelaram a hipocrisia com que costumam mascarar-se nestes momentos para disfarçar a sua irredutível tendência para o confronto de interesses pessoais.
.
Se o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa for capaz de promover, entre os trogloditas políticos com que terá de lidar,  os compromissos e os consensos que consignou no seu discurso como sustentáculo da sua intervenção presidencial, será um mágico, quiçá um santo, daqueles que com o levantar da mão amansam as feras.

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Correl . - "Podíamos apresentar uma candidata engraçadinha, seria fácil" -            (Uma regurgitação alarve duma ingestão intragável)

Mau negócio ter sido homem

Saturday, January 23, 2016

E TU, EM QUEM VOTAS?

...
- Esse, seria o último dos candidatos em quem eu votaria para Presidente da República.
-  Então votas no Edgar!
- Já não ...
- Na Marisa?
- Nunca.
- Então preferirias votar no médico ...
- Não, de modo nenhum.
- No Vitorino Silva?
- Não, nesse também não.
- Ou no, como é que ele se chama?, o psicólogo?
- Não, não.
- No Henrique Neto?
- Nem pensar.
- Ou no Paulo Morais ...
- Também não.
- Na Maria de Belém?
- Nem nessa.
- Então a tua lista ...
- ...só tem dois candidatos!
- Podias ter começado por aí ... o candidato em que nunca votarias é o segundo da tua short list, porque votas no outro.
- Voto. 
- Pois eu, nesse não voto.
- Fazes mal...
- A quem? Ele nunca meteu as mãos na política. Se tivesse sido ministro da Educação, não era agora candidato. Poupou-se para aparecer como candidato sem mácula!...
- E qual é o problema?
- Dantes seria tido por oportunista, agora dirão que tem sentido de oportunidade.

Friday, January 22, 2016

ESBOCEJAR

O ministro Centeno apresentou hoje o "Esboço do Orçamento de Estado para 2016" sendo mais saliente o aumento dos impostos sobre os produtos petrolíferos, sobre o tabaco, e do imposto de selo sobre os contratos financeiros de crédito ao consumo O resto, ou são medidas, na sua quase totalidade, decorrentes dos acordos interpartidários que suportam este Governo, e portanto, já conhecidas, ou intenções-objectivos sujeitos à aprovação de Bruxelas e à prova da  execução do OE. E às contestações dos pressupostos pela Oposição, à direita e à esquerda.

Logo de manhã, ainda antes da apresentação do ministro, clamava um representante dos distribuidores de combustíveis indignado contra a subida dos impostos sobre o gasóleo e a gasolina porque, segundo ele, ameaça arruinar-lhes a actividade, adiantando que a corporação vai contratar advogados que os defenda. 
Este aumento, disse o ministro, vai repor a receita perdida com a baixa dos preços dos combustíveis para os níveis de fiscalidade que se observavam em Julho de 2015. Parece-me bem. E se destes aumentos resultar, o que duvido, alguma redução do tráfego automóvel, tanto melhor.

Também me parecem acertados os aumentos dos impostos sobre o consumo de tabaco e do imposto sobre o crédito ao consumo. 
Seria ainda muito razoável que fosse aumentado o imposto sobre o consumo de bebidas de alto teor alcoólico ou, em alternativa, adoptadas medidas restritivas da sua distribuição. Mas também este governo não reparou ainda que os portugueses são dos maiores consumidores de álcool do mundo. 

A redução do imposto sobre os consumos em restaurantes faz parte dos acordos interpartidários mas é demagógica, iníqua, quando comparada com consumos menos dispensáveis, não vai aumentar a oferta de emprego, não vai reduzir o preço das refeições, não vai aumentar a procura, a redução vai apenas repor a margem dos restaurantes mais económicos, corroída pela crise, e aumentar a margem dos mais selectos.

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Correl . - O cerco
Conselho das Finanças Públicas: OE tem riscos relevantes e imprudência nas previsões

Wednesday, January 20, 2016

SURREALISMO NA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA


Há uma exposição de "um tipo que faz coisas" no Museu da Presidência da República que vale visitar.
Mesmo ao lado mora, ainda por uns dias, a colecção de presépios oferecidos à  primeira-dama.
 Na Presidência da República, o surrealismo entra pelo Museu.

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OUTRAS HISTÓRIAS


Sítio certo, história errada, está em exibição no Nimas, o cinema de Lisboa com melhor programação, do meu ponto de vista. 
Para quem prefira uma filmografia que escape à preponderância das produções ou imitações de Hollywood, este filme norte-coreano merece ser visto. 

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Tuesday, January 19, 2016

AINDA ACERCA DA PRODUTIVIDADE DO DESCANSO

Trabalhar menos dias e menos horas é melhor para a economia?
Dois economistas, um deles deputado, ambos professores catedráticos afirmaram que sim, no programa Prós e Contras desta noite: "Mais feriados e menos horas de trabalho melhoram a economia?

Um deles, o deputado, garantiu ainda que da redução do número de horas de trabalho da função pública, não resultará aumento da despesa do Estado. Essa é, lembrou ele, também a garantia dada pelo ministro Centeno. E, acrescentou, a reposição do número de feriados será benéfica para o turismo e para o comércio em geral.
Tudo lucro, portanto.

O outro catedrático sustentou que com a reposição dos feriados e das 35 horas semanais será recuperada a motivação dos funcionários públicos abalada pelo anterior governo. O aumento das horas de trabalho não determinou aumento de trabalho realizado na instituição de que foi director, a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, porque o aumento desmotivou os docentes.

No sector privado, o horário normal de trabalho vai manter-se nas 40 horas semanais, não admitindo o presidente da CIP, também membro do painel, que este governo venha a querer impor qualquer redução de horário laboral no sector que representa. Se tal acontecesse, seria um desastre ainda maior para a economia.

Conclusão notável: o descanso só é produtivo no sector público.
Por obra e graça dos srs. Arménio Carlos e Mário Nogueira, entre outros.

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Entretanto, o risco da dívida portuguesa atinge máximos em mais de seis meses, os juros sobem, e a Comissão Europeia está a exigir défice abaixo de 2,8%.

Por falta de descanso.


Sunday, January 17, 2016

45 ANOS




Um conto que, propositadamente, não conta tudo, bem contado e muito bem interpretado. 
A não perder. 
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"... Acabaram com a Secção. Noutros tempos, os sindicatos não teriam consentido. O Len, lembras-te do Len? ... nós chamávamos-lhe Lenine ... Agora tem uma villa no Algarve, joga golf no Algarve ... com o neto ... o neto, vê lá como as coisas mudaram,  é banqueiro ..." (tradução, não garantidamente fidedigna, feita de memória)

Saturday, January 16, 2016

A TODOS OS TÍTULOS

O FT publicava anteontem - Portugal accused of picking fights with foreign investors -, um artigo que resume o sentimento, que perpassa neste momento  na imprensa internacional, de menos honorabilidade de Portugal nas negociações com investidores estrangeiros. 

Podem invocar-se razões eventualmente válidas do ponto de vista da tramitação legal dos processos em Portugal mas são argumentos   sem vencimento externo e, não menos grave que isso, podem não ter acolhimento junto dos tribunais onde as eventuais conflitualidades venham a ser julgadas. 

Os contratos de subconcessão dos transportes colectivos de Lisboa e Porto ainda não tinham sido visados pelo TC, a privatização da TAP foi concluída pelo anterior governo na véspera de saída, são provavelmente bons argumentos para o sr. António Costa fustigar o sr. Passos Coelho, ou vice-versa, na Assembleia da República, mas não limpam a má imagem que o conflito partidário interno projecta nos meios externos.

Hoje, a primeira página do Expresso é, pelo mesmo lado, um montra de outros conflitos que, para além de arrasar ainda mais a credibilidade externa de Portugal, coloca mais umas quantas parcelas na soma de responsabilidades que os contribuintes terão de pagar:

- Centeno não seguiu recomendação do BCE para o Banif - custo estimado, mil milhões de euros.
O sr. Centeno dirá que o grande culpado do buraco Banif foi o anterior governo, que fez por ignorar o que se passava num banco onde o Estado tinha passado a ser accionista muito maioritário após a recapitalização. E desta discussão, pelo poder de decidir mal ou a más horas, resulta o assalto aos que não têm culpas no cartório para além das que decorrem de viver aqui.

- Suspeitas de crime com obrigações do Novo Banco - Nesta saga, com fim cada vez mais longínquo, é hoje muito claro que  os incumbidos de defender os interesses do Estado se acusaram mutuamente mas continua completamente opaca a responsabilidade pelo contínuo aprofundamento do buraco BES. Desentenderam-se Carlos Tavares e Carlos Costa, agora o primeiro está de saída por termo de mandato na presidência da CMVM.
O sr. Carlos Costa, diz a imprensa, está isolado, nem no governo nem no BCE encontra encosto. 
Mas não cai! 
E continua, não sei se alegremente, a decidir por conta das contas que os contribuintes terão de pagar, não sendo visível que haja, efectivamente, contribuições dos banqueiros, que aliás, segundo o presidente da corporação, também não têm sido ouvidos,  no âmbito do Fundo de Resolução.

A continuar assim, quanto tempo faltará para um segundo resgate?


Thursday, January 14, 2016

REGRESSO AO COSTUME

Voltamos a casa, e pela rádio ficamos a saber que os sindicatos da função pública dominados pela CGTP marcaram e mantêm, após as negociações de ontem com os representantes do Governo, greve geral no próximo dia 29. A UGT não adere a esta greve geral porque não considera que estejam esgotadas todas as possibilidades de negociação. 

Porquê a greve? Porque o Governo prometeu reverter a decisão do anterior de alargar o horário da função pública para 40 horas semanais, uma decisão nunca acatada por algumas câmaras municipais, restabelecendo o horário semanal da função pública em 35 horas. Acontece que os sindicatos comunistas exigem que a reversão seja imediata e o Governo alega que os serviços precisam de algum tempo para o reajustamento. Cede novamente o Governo para não contrariar o parceiro parlamentar? Parece mais que certo.

E, no entanto, logo a seguir ouço que o ministro Mário Centeno garante que da redução das 40 para as 35 horas semanais não pode resultar aumento da despesa pública e agravamento do défice orçamental deste ano. Uma declaração interessantíssima. 

Por um lado, os que sempre defenderam que do aumento do horário de trabalho para 40 horas semanais não resultaria aumento de produtividade (horária) da função pública, poderão defender agora que a reversão paras 35 horas permitirá o aumento de produtividade (horária). Com efeito, se com o alargamento do horário, o trabalho realizado foi o mesmo, a produtividade horária até terá baixado; e se, agora, em 35 horas for realizado o mesmo trabalho que em 40, a produtividade (horária) sobe. 

Acontece que, logo a seguir, ouço ainda na rádio, delegados sindicais alegarem que não pode esperar-se que em 35 horas possa realizar-se o mesmo trabalho que em 40. E, consequentemente, a despesa pública terá de subir, não sendo os trabalhadores da função pública responsáveis pelo eventual agravamento do défice. 

Perante a evidência dos factos, a demagogia reverte-se.

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Eram, entretanto, mais que horas de jantar, depois de uma viagem de 16 horas, entre vôos e tempos de espera, e fomos à procura de peixe cozido, uma delícia quase ignorada lá fora.
Havia cabeça de garoupa  à nossa espera. 
Também há coisas boas na nossa terra, então não há?

Tuesday, January 12, 2016

AQUI HÁ MARTELO

"Marcelo Rebelo de Sousa ganhou em 2014 perto de 385 mil euros brutos e, além das poupanças bancárias (384 mil euros no BCP, BPI e Novo Banco), não tem qualquer outro património – nem mesmo casa. A comparação com outra declaração de 2012 (como conselheiro de Estado) permite perceber que o comentador e professor tem mantido as poupanças sempre ao mesmo nível." 
- cf. aqui

O que é que ele faz às poupanças?

"As regras destas declarações são minuciosas e exigentes, mas a verdade é que o Tribunal Constitucional não tem por hábito controlar ao pormenor as informações que lá são inscritas. Os candidatos não explicam nem têm que explicar qualquer aparente disparidade entre os rendimentos e os bens que declaram."

Para que servem as declarações se o Tribunal Constitucional não controla ao pormenor as informações prestadas pelos candidatos deixando sem resposta as dúvidas mais elementares, aceitando sem qualquer reserva candidaturas de algum modo opacas?

Não é sequer presumível que M R Sousa não tenha engatilhada a resposta se alguém lhe disparar a pergunta durante o festival da campanha. A, pelo menos aparente, displicência do TC, neste caso, parece contar com a conflitualidade como meio de esclarecimento.

OS EFEITOS PRECOCES DA CRISE DA MEIA IDADE DE TIAGO BRANDÃO RODRIGUES

Quando há pouco mais de um mês diagnostei aqui um sintoma da crise da meia idade em Tiago Brandão Rodrigues não esperava que os efeitos começassem a fazer-se sentir tão cedo.  O ministro novo da Educação tinha, à partida,  a vida descomplicada pelos compromissos assumidos no âmbito dos acordos bilaterais que permitiram a nomeação do sr. António Costa como primeiro-ministro. Bastava-lhe despachar em conformidade e acabar com os exames de alunos e professores, o sr. Mário Nogueira ficaria sossegado por uns tempos, e quem não concordasse já teria discordado dos termos dos acordos.

Mas Tiago Brandão Rodrigues, apanhado pela crise da meia idade, não se ficou por aí, recorreu ao Conselho Nacional da Educação para um parecer sobre o assunto, e espalhou-se: o CNE defendeu a manutenção das provas no 6º. e no 9º. ano com peso na classificação final dos alunos e a maioria dos professores ouvidos pelo CNE queria a manutenção dos exames de português e matemática no 4º. ano. 

Colocado entre as exigências do sr. Nogueira e o parecer do CNE, T B Rodrigues optou por uma saída apressada que está a ser generalizadamente criticada por professores, directores de escolas e pais dos alunos. Por um lado, impõe que as alterações tenham efeitos imediatos, a meio do ano escolar, do que, se o sr. Marcelo Rebelo de Sousa não fosse candidato a PR, diria "não lembraria ao careca". Depois, acaba com as provas de avaliação, como mandou Nogueira, mas inventou outras, de aferição, a primeira das quais é realizada logo no 2º. ano de escolaridade. A reforma do ministro anterior foi completamente varrida para entrar em vigor, em passo de corrida, a 15ª alteração em 16 anos dos exames no ensino básico. 

Não é por acaso que Portugal apresenta, vd. aqui, um tempo médio baixo de escolaridade ainda que seja normal o tempo institucionalmente pretendido.

Monday, January 11, 2016

QUANTO VALE O EURO SEGUNDO O BIG MAC

O Economist publica na edição desta semana o seu já icónico "The Big Mac index", desta vez comparativo dos preços de um Big Mac em Janeiro de 2014 e Janeiro de 2016 para, através dele, "medir" a subvalorização ou sobrevalorização de um conjunto de moedas relativamente ao dólar americano. 
E conclui que "as fortes desvalorizações de moeda não estão, agora, a provocar os crescimentos de exportações que antes se observavam". Se o Big Mac serve para alguma coisa, esta conclusão não confirma a tese daqueles que vêm no euro, desde sempre, um obstáculo à reanimação da economia portuguesa.

Registe-se o apontamento feito aqui em Julho de 2012:
"Para Martin Feldstein, professor em Harvard, "uma queda brusca do euro pode salvar a Espanha do colapso". Veja aqui porquê." 

Nem o euro não caiu bruscamente nem a Espanha colapsou. 


Em Janeiro de 2014 a cotação média do euro relativamente ao dólar (0,734198/1,36203) avaliada pelo Big Mac Index denotava uma valorização do euro, que entretanto se inverteu. Durante os últimos 11 dias aquela relação apresentou um valor médio (0,921563/1,085113) reflectindo uma desvalorização do euro relativamente ao dólar rondando os 19%. O equilíbrio das duas moedas situar-se-á agora, pelo menos na compra de um Big Mac, em quase 1,30 dólares por um euro.




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Vd. aqui dados sobre a dimensão da McDonald´s

Sunday, January 10, 2016

ESTA NOITE SONHEI COM BELÉM

Liguei para a rtp online, estava o par Bárbara Guimarães e Manuel Maria a iniciar a divulgação dos resultados das presidenciais deste ano. 




BG - Boa noite senhores telespectadores!
Estamos aqui esta noite, eu e o Manuel Maria, para divulgar os resultados das eleições de hoje.
MM - Senhores espectadores, muito boa noite! 
O grande sentido cívico dos portugueses ficou mais uma vez demonstrado durante o dia de hoje, não tendo sido registado qualquer incidente, devendo-se a elevada taxa de abstenção de 43% à chuva intensa que caiu sobre o território português praticamente durante todo o período em que decorreu o acto aleitoral.
BG - Os resultados das eleições de hoje encontram-se nestes envelopes (mostra os envelopes) que acabam de nos ser entregues pela Comissão Nacional de Eleições, e serão abertos por ordem crescente dos resultados obtidos por cada um dos candidatos. 
MM- Candidato menos votado - One point ...
BG - Marisa Matias. 
MM- Marisa Matias mostrou durante a campanha eleitoral um elevado grau de hiperactividade, suspeitando o eleitorado que a candidata dorme intranquila e escassas horas por noite. 
Segundo candidato menos votado ... two points ...
BG - Henrique Neto.
MM - O candidato, suspeitadamente socialista, mostrou carácter vincadamente teimoso, indiciador de noites mal dormidas.
Terceiro candidato menos votado ... three  points ...
BG - Isaltino Morais ... Peço desculpa, Paulo Morais.
MM - O candidato Paulo Morais vive atormentado por um fantasma, privativo, que só ele vê, e lhe impede a tranquilidade nocturna essencial ao exercício sereno do cargo presidencial ...
Quarto candidato menos votado - four points ...
BG - Edgar Silva.
MM - Edgar Silva ficou manifestamente preocupado com o extemporâneo anúncio de Kim Jong-un, o bem amado líder do partido irmão da Coreia do Norte,  de um bem sucedido teste nuclear, colocando o mundo novamente à beira do apocalipse. Não tem dormido como deve ser desde esse momento. Quinto candidato ... five points ...
BG - Jorge Sequeira.
MM - Jorge Sequeira é perturbado durante o sono pela transferência de trauma, circunstância que se tem acentuado com a crescente procura dos seus serviços por pacientes atormentados pela crise.
Sexto candidato - six points ...
BG - Vitorino Silva.
MM - Vitorino Silva dormia bem até ao momento em que resolveu candidatar-se. Sabe-se, por fonte segura, que o candidato passou, desde então, a ser sobressaltado por megaprojectos de calcetamento do mundo. Como é que ninguém se lembrou, até agora, da exportação daquilo que é mais genuinamente português que o vinho do Porto? Tem apresentado sinais evidentes de intranquilidade por falta de sono suficiente.
Sétimo candidato - seven points ...
BG - Cândido Ferreira.
MM - Do candidato Cândido Ferreira não há provas que durma regaladamente. Mas o facto de não receber qualquer menção de apoio do seu partido não pode deixar de influenciar o seu período de repouso nocturno.  Oitavo candidato ... eight points ...
BG - Maria de Belém.
MM - Maria de Belém passou a dormir francamente mal a partir do momento em que viu, no entender  dela, um intruso ser apoiado por nada menos que os dois ex-presidentes socialistas, circunstância que não a recomenda para um cargo que requere a maior dormência. Nono candidato ... nine points ...
BG - Sampaio da Nóvoa.
MM - O candidato Sampaio da Nóvoa demonstra uma elevada, quase inultrapassável, capacidade de meditação e dormência, se tivesse nascido no Tibete seria Lama. Poderia ser um bom presidente ...
BG - Poderia???
....
....
(Interrompeu-se a emissão online. Ligo para Lisboa. Gasto uma fortuna em tentativas de ligação telefónica para a RTP durante toda a noite. Finalmente, às seis da manhã ...)

-É da Agência Lusa???
- É, é ...
-Falo-lhe do estrangeiro. Pode, por favor, dizer-me quem ganhou as eleições presidenciais?
- Ainda não se sabe.
- Como é que não se sabe? Em que lugar ficou o Marcelo?
- O Marcelo adormeceu há três dias atrás. Estamos todos à espera que ele acorde.

Saturday, January 09, 2016

O JOGO DA CABRA CEGA

"A juíza que usou verbas da Cruz Vermelha Portuguesa para pagar a advogados que lhe escrevessem as sentenças dos casos que tinha em mãos, Joana Salinas,  juíza do Tribunal da Relação do Porto, foi condenada esta quinta-feira pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), pelo crime de peculato, a uma pena de prisão suspensa...

... A Cruz Vermelha não só nunca a processou como a mantém ainda, neste momento, em funções, a dirigir aquela delegação. Contactada pelo PÚBLICO, uma porta-voz da organização disse apenas que a situação só será analisada quando a Cruz Vermelha tiver conhecimento oficial da condenação, o que ainda não sucedeu".  cf. aqui

Muito concludentemente, não vivemos num país a sério.

Joana Salinas em tribunal RUI GAUDÊNCIO


Friday, January 08, 2016

A CORJA*

O sr. Ângelo Correia diz, vd. aqui, e eu concordo com ele, que "Cavaco pode ir para convento, onde se faz ato de penitência".

E concordo com ele porque, mesmo que se doutros pecados não tiver o futuro ex-Presidente da República que se penitenciar, por erro dele e má fortuna nossa, depositou confiança, e não raras vezes renovou-a, numa longa lista de indivíduos que o tempo veio a demonstrar terem aproveitado a sua passagem pelo poder para retirarem, eles e os seus comparsas, grossos proveitos em negócios escroques que nós, os tansos fiscais, estamos compelidos a pagar. 

E o sr. Ângelo Correia, como se orientou ele, desde o momento em que estabeleceu as suas actividades montadas em negócios com o Estado, depois dos sucessivos cargos políticos que desempenhou, incluindo o de Ministro da Adminitração Interna do VIII Governo Constitucional do primeiro-ministro Pinto Balsemão?

 Por aqui, por exemplo.

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* O título foi modificado. O anterior poderia ser entendido como ofensa aos caninos.

Thursday, January 07, 2016

ALGUÉM DEVERIA SAIR

Soube-se hoje que 

o Conselho Nacional de Educação, presidido pelo ex-ministro da Educação e consultor do actual Presidente da República para os Assuntos Sociais,  David Justino, defende a manutenção  de provas externas no 6º. e no 9º. ano com peso na classificação final dos alunos, e que
a maioria dos professores que o CNE ouviu queria a manutenção dos exames de português e de matemática no 4º. ano.  

Formalmente, compete ao ministro Tiago Brandão Rodrigues decidir.
Realmente, Tiago Brandão Rodrigues não tem grande margem de manobra, considerando os compromissos assumidos pelo primeiro-ministro com comunistas e bloquistas, restando-lhe desvalorizar o parecer do CNE. 

E, se houvesse sentido de Estado, ou se demitia o presidente do CNE e, eventualmente o CNE em bloco, ou se demitia o ministro.

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08/01 - 
Comunicado do Ministério da Educação , emitido esta sexta-feira, revela que os alunos do 2º, 5º e 8º anos de escolaridade vão ser submetidos a processos de aferição "antes da conclusão de cada ciclo de modo a poder agir atempadamente sobre as dificuldades detetadas". "No entanto, Ministério decidiu manter os exames nacionais de Português e Matemática no 9º de escolaridade, terminando apenas com os exames para os alunos do 6º. Os alunos do 2º e 5º anos irão realizar as provas na última semana de aulas, enquanto os do 8º vão fazê-la depois de as aulas terminarem."

É uma decisão Salomónica.

Veremos durante quanto tempo a vai aceitar o sr. Mário Nogueira

O QUE PARECE NÃO É



Wednesday, January 06, 2016

MASTURBAÇÕES PARLAMENTARES

O Banif poderá ter duas comissões de inquérito. No Parlamento, PS, BE e PCP preparam proposta conjunta de criação de uma comissão de inquérito. Na assembleia legislativa da Madeira, o PS da região propõe ainda esta semana a criação de outra comissão sobre o banco. - aqui  

Para quê?, se de nenhuma das comissões parlamentares de inquérito anteriormente convocadas para autópsia dos restos bancários observados resultou mais que o tresandar da característica nauseabunda mistura de odores a corrupção, lavagem de dinheiros, off-shoring, conivências políticas, ganância, roubo descarado, entre outros? 

Que proveito retirou a dignidade da República da excelente e muito aplaudida exibição do sr. Nuno de Melo na comissão de inquérito parlamentar ao mostrengo que se deu pelo nome de BPN? Onde dorme o molho de processos abertos pelo Ministério Público há sete anos atrás, traduzido numa rapina de sete mil milhões de euros aos tansos fiscais? Alguém foi preso ou condenado a regurgitar o que abocanhou? Dizem as notícias que no BPN mais de 500 grandes clientes com dívidas superiores a meio milhão de euros deixaram de pagar ... p. e., as empresas de Luís Filipe Vieira,  o muito aplaudido presidente do Benfica,  deixaram dívidas de 17 milhões no BPN ... e 600 milhões  ao BES, Sete anos depois não é mais que tempo para a AR concluir que, sendo os inquéritos parlamentares inconsequentes, deveria votar leis que impedissem o adormecimento implicitamente conivente dos agentes da administração da justiça? 

No inquérito parlamentar ao caso BES brilhou a srª. Mariana Mortágua, e os bloquistas passaram a perna aos comunistas nas legislativas. Mas já foi alguém julgado? Mortágua só conseguiu que o sr. Bava mostrasse muita indignidade e nenhuma vergonha para fugir às perguntas da deputada. Desta vez, no fim do longo inquérito, congratulou-se toda a comissão com a quase unanimidade das conclusões. Mas não há, sequer, acusados. O principal protagonista, presumidamente inocente, esteve sob prisão domiciliária, o grupo destroçou-se, alguns dos comparsas acusaram-se mutuamente, nenhum está a prestar contas à justiça.

Saltam agora para os hemiciclos em São Bento e na antiga Alfândega do Funchal dois inquéritos em simultâneo sobre os mesmos destroços banqueiros. O que sendo uma originalidade - as conclusões estão antecipadamente garantidas em Lisboa pelos votos da maioria de esquerda - será ainda assim inconsequente, qualquer que seja o voto de PSD e CDS no Funchal. 

Inconsequente, entenda-se, para os interesses da República. Com estes inquéritos regalam-se, e só eles, os senhores deputados.


Tuesday, January 05, 2016

UM HOMEM CHORA



Enquanto os poltrões se enredam na teia tecida por um demagogo que excita os instintos mais brutais da condição humana. E que nada garante que não seja daqui a um ano o presidente da maior nação do planeta com todos os apocalípticos desvarios que o cargo lhe possa permitir.

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* Escrevo, de homens, porque de todos os morticínios provocados por tiros disparados por armas nos    EUA não me recordo de algum que tenha sido perpetado por mulheres.
   Sendo o Congresso norte-americano dominado muito maioritariamente por homens pode ser esta a      explicação para a renitente persistência de uma lei bárbara. Explicação que, contudo, não absolve as    mulheres norte-americanas pela passividade com que toleram ou agressividade com que estimulam    tal lei e as suas consequências.  

Monday, January 04, 2016

POR MAUS CAMINHOS

Todos os ministros da Educação se meteram, mais tarde ou mais cedo, por maus caminhos, segundo a avaliação permanente do sr. Nogueira.

"Ministro da Educação anuncia alterações na avaliação esta semana" -
- aqui

Avaliação dos alunos, entenda-se.
Sobre avaliação de professores, népia. 
Ainda assim, não tarda muito que o sr. Mário Nogueira não salte à estrada a dizer o que devia ter sido dito se* o ministro não disser o que ele, Nogueira, lhe disse para ele, ministro, dizer. 
E, se for o caso, chumba-o com uma greve de uns dias, para começar, aplaudida pelo PCP e pelo BE.

*Um se improvável já que o sr, primeiro-ministro garantiu publicamente que o seu governo não apresentará propostas que contrariem as exigências comunistas constantes do acordo bilateral.
E as avaliações dos alunos estão lá.
As dos professores também, mas não se fala mais nisso... São todos igual e fraternalmente bons.
Menos bons que os não tão igualitários senhores juízes, onde há, vd. aqui, bons, bons com distinção e, a maior parte, muito bons.

Sunday, January 03, 2016

CINEMA IRANIANO EM WASHINGTON DC

Começou ontem o 20º. Festival Anual do Filme Iraniano em Washington DC, este ano no auditório da National Gallery of Art com a apresentação de 
"Tales", realizado em 2014 e
"The Night it Rained", de 1967.

Nenhum destes filmes, que me recorde, passou em Portugal. Mas passaram outros bons exemplos da alta qualidade da cinematografia iraniana*. Muito despercebidamente, porque, por opções comerciais dos maiores distribuidores, apenas puderam ser vistos nas poucas salas que escapam aos seus domínios.  












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* Disponíveis em youtube:
O gosto da cereja
Closeup
Através das oliveiras (as legendas em inglês são activadas no canto inferior direito)
Homework
O vento nos levará
Onde fica a casa do meu amigo?
Cópia conforme
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Outros:
The Song of Sparrows
And Life Goes On
The White Baloon
The Silence

Saturday, January 02, 2016

MATAI OS OUTROS E A VÓS MESMOS

O Economist,  em artigo datado do último dia de 2015 - Asking what God would want really does seem to curb prejudice - recomendava, como bom assunto para acompanhar a ceia do fim do ano, um debate provocado pela afirmação de que a religião divide as pessoas e inspira-as para o mal, uma afirmação a que parece não faltarem provas. Não arrisquei a recomendação. 

Como contraprova da evidência dos argumentos que preenchem diariamente largos espaços dos media e colocam o mundo em quase constante sobressalto relembra o articulista as acções de caridade e solidariedade por motivação religiosa. E cita um estudo de opinião que conclui pela quase irrelevância da influência do credo religioso nas relações individuais entre vizinhos. 




Hoje é notícia que, vd. aqui, foram executados na Arábia Saudita 47 indivíduos entre os quais um proeminente clérigo xiita. O Irão já ameaçou que a execução vai custar cara aos sauditas.
E é ,daquele lado, mais ou menos assim, desde há catorze séculos com raros períodos de tréguas.
Deste lado e dos outros, também não faltam exemplos de destruição mútua e alheia  feita pelo cúmulo da estupidez humana em nome de Deus.



Friday, January 01, 2016

A DEMOCRACIA NORTE-AMERICANA ALVO DE UM ATAQUE DE INSULTOS

O Financial Times publicava anteontem as previsões - vd. aqui -  de alguns dos seus mais destacados colunistas para a evolução de alguns dos temas que irão marcar 2016.

À pergunta, será Hillary Clinton a vencedora das eleições presidenciais?, responde Edward Luce que sim, o próximo presidente dos EUA será Hillary Clinton. 
Mas a previsão de Edward Luce sustenta-se noutra: a de que será Ted Cruz e não Donald Trump o candidato republicano nomeado para defrontar Hillary Clinton. Será?

Trump, um misógino assumido, conta com muito ululante aplauso feminino, xenófobo impante, alicia multidões que se sentem ameaçadas, e, prepotentemente, utiliza o direito democrático de opinião para insultar os outros candidatos, e com particular virulência, Hillary Clinton. Se a demagogia grosseira crescentemente municiada de insultos continuar a mobilizar aplausos e estes se converterem em votos, Ted Cruz pode obter a nomeação do partido mas essa nomeação não travará a candidatura de Truman como independente, e os resultados em Novembro serão imprevisíveis.

O terrorismo islâmico, que ele promete erradicar do solo norte-americano, favorece-o.