Wednesday, November 25, 2015

A CRISE DA MEIA-IDADE DE TIAGO BRANDÃO RODRIGUES

Afirma-se no jornal i de hoje que "Cavaco convocou Costa para nova reunião por estar irritado com a divulgação dos nomes dos membros do seu governo antes dos mesmos terem sido aprovados pelo PR". Formalmente, o PR tem razão mas de pouco vale a irritação já que, irritado ou não, não lhe será fácil arranjar argumentos consistentes para mandar substituir qualquer dos nomes da lista divulgada ontem.

Entretanto, notícias da tarde dão conta que a posse do Governo será amanhã.

E, no entanto, é intrigante que o Sr. António Costa tenha convidado um ainda jovem (38 anos) e bem sucedido cientista para ocupar o lugar que é um verdadeiro triturador de ministros. Ao Sr. Mário Nogueira, que durante o seu consulado de vinte anos à frente da Fenprof já derrubou vinte ministros, começou logo a crescer água na boca. Ontem mesmo já deu instruções básicas ao doutor Tiago Brandão Rodrigues. E, ou ele faz o que o Nogueira manda, ou tem o pelotão de derrubamento à porta.

Mais intrigante ainda é, contudo, que o cientista tenha aceitado o sacrifício da incumbência. Terá sentido esgotado o seu filão cientista? Terá sido inebriado pelo perfume do poder político? Ou, mais cientificamente, foi prematuramente assaltado pela crise da meia-idade?
Ainda segundo a citada edição do jornal i, que resume uma notícia do "The Guardian" sobre um artigo publicado no Economic Journal

"a crise da meia-idade é um facto científico. Investigadores britânicos acompanharam 50 mil adultos na Austrália, Reino Unido e Alemanha e concluíram que a fase mais negra acontece entre os 40 e os 42 anos. O lado bom dessa descoberta é que, após bater no fundo, os degraus seguintes são sempre a subir até aos 70 anos, altura em que se atinge um novo pico de bem estar."

E nem Cavaco Silva pode valer ao Tiago Brandão.



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Quando o secretário-geral do PS, António Costa, o convidou para integrar as listas por Viana do Castelo às eleições legislativas de 4 de Outubro, Tiago Brandão Rodrigues pensou em dizer que não. Foi esse “o primeiro impulso”, confessou ao PÚBLICO em entrevista neste Verão. Aos 38 anos — e apesar de nunca ter sido militante em nenhum partido —, o cientista doutorado em Bioquímica pela Universidade de Coimbra é o novo ministro da Educação do Governo liderado por António Costa.
Nasceu em Paredes de Coura e sempre se considerou “um homem de esquerda”. Madrid, Dallas e Cambridge são cidades que conhece bem: viveu, estudou e trabalhou em todas elas — 15 dos últimos 16 anos foram passados no estrangeiro. Para concorrer como cabeça de lista do PS pelo distrito de onde é natural, Tiago Brandão Rodrigues deixou para trás um lugar de investigador na Universidade de Cambridge, em Inglaterra. Há cinco anos que se dedicava a estudar, no laboratório Cancer Research UK, técnicas de detecção precoce do cancro. No fim de 2013, apresentou na revista Nature Medicine uma técnica de ressonância magnética que provou conseguir detectar mais cedo e com maior precisão esta doença. Saltou para os noticiários, foi capa de revista, deu muitas entrevistas sobre a investigação que o apaixona, ganhou visibilidade e reconhecimento nacional.
Vê na escola pública e na educação para todos dois “dos pilares-mores da democracia”, sem esquecer a ciência, pasta para outro ministro. Em campanha pelo Alto Minho, Brandão Rodrigues notou “alguma resignação” por parte das pessoas. Acreditava, contudo, que o PS conseguiria “criar as condições para construir melhor”. “Não temos que baixar as expectativas de ter um Estado que as assista, um Serviço Nacional de Saúde com esperança e uma escola que as eduque”, sublinhou.
A um mês das legislativas, garantiu estar preparado para fazer parte de um meio “aparentemente não tão consensual”. Acredita que a cultura científica pode ter um contributo importante na política, “que não é um quadrado fechado”. - in Público

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