A Constituição manda e os resultados eleitorais de 4 de Outubro permitiram que, pelo menos durante um ano, o País vai andar politicamente à deriva no meio de uma ondulação de vagas altas. A crispação da conjuntura política não vai distender-se qualquer que seja a decisão do PR e as perspectivas macroeconómicas não são de molde a reduzir a tensão partidária.
O crescimento económico observado continua a ser débil e praticamente decorrente da queda dos preços do petróleo. Não sendo previsível que este factor conjuntural de crescimento subsista, se as previsões, optimistas, que suportam as medidas de devolução e redistribuição de rendimentos apontadas pelo programa do PS, colapsam, os atritos entre os parceiros de esquerda agudizam-se irremediavelmente e a entente cordiale à esquerda rompe-se.
Se a um possível fracasso dos objectivos calculados por Centeno (que já admitiu em entrevista ao FT - The socialists set for power ... - realizar os ajustamentos convenientes aos compromissos do Tratado Orçamental) se juntar o saco de imbróglios que inadiavelmente se colocam ao governo, nomeadamente no sector financeiro, teremos reunidas as condições de uma tempestade assustadora. Quem é que vai investir em tais condições de turbulência?
Mas se o PR, por erro de cálculo ou teimosia, previsível na distensão com que está a encaminhar o processo de decisão, optar por entregar o cargo ao seu seu sucessor embrulhado num governo de gestão, nem a tensão partidária se desvanece e as manifestações sindicais potenciam-se, nem a conjuntura económica e financeira se desanuvia. A imagem projectada no exterior por um governo de gestão de direita não será mais favorável que a de um governo PS com horizonte temporal ameaçado à partida.
Podia ser diferente, claro que podia. Mas não com os líderes partidários do momento.
1 comment:
Apesar do desporto mais popular ser tiro no cavaco, baseado no passado acho que o presidente não vai deixar de ser formal e seguro, como sempre de empossar o dão sebastião Costa. Sé que não vai deixar ligar a maquina do nevoeiro, que os xuxas tinham programado.
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