A pergunta é feita aqui, a propósito da economia do "marcado": "Não há banqueiros politicamente inteligentes neste país?"
Há muitos anos, em reunião com um banqueiro que hoje é presidente do banco de que na altura era administrador, referi que, com o andamento que se observava na economia portuguesa, enfezada e cada vez mais sugada pelos bancos, um dia a vaca acabaria por tombar para cima dos que dela mamavam em excesso.
Respondeu-me o banqueiro: Esteja tranquilo, os bancos nunca vão à falência.
E, até agora, o tal banqueiro acertou. O moral hazard que permite aos banqueiros tudo e mais alguma coisa, em Portugal não abriu até agora uma única excepção.
Dirão alguns que a troica emprestou condicionando uma parte do empréstimo à recapitalização dos bancos. Ora o que se observa é que no caso do Banif e do BCP não houve recapitalização mas efectiva nacionalização com concessão da gestão a poderes privados.
Por outro lado, a concessão de subsídio de desemprego na sequência da redução de efectivos no BCP, prossegue uma prática que ajudou a arruinar as finanças públicas do país e que vigora há largos anos: aceitam os empregados a rescisão do contrato de trabalho mediante o pagamento de uma indemnização contra uma declaração de desemprego por despedimento. E chamam-lhe depois apoios sociais...
No mesmo ano em que privatiza a ANA (e não vejo inconveniente nisso) a EDP e a REN, o Governo, em nome do Estado, aumenta o capital da Caixa porque a administração incorreu em práticas condenáveis (caso da intervenção na luta accionista no BCP, por exemplo) ou desleixou a análise do risco e do interesse nacional (investindo na dívida grega, por exemplo), nacionaliza o BCP a coberto de uma recapitalização que faz do Estado o maior, mas silent shareholder, accionista do banco, nacionaliza o Banif usando o mesmo figurino, tornando o Estado quase accionista único, mas igualmente silent shareholder. Faz algum sentido?
Respondeu-me o banqueiro: Esteja tranquilo, os bancos nunca vão à falência.
E, até agora, o tal banqueiro acertou. O moral hazard que permite aos banqueiros tudo e mais alguma coisa, em Portugal não abriu até agora uma única excepção.
Dirão alguns que a troica emprestou condicionando uma parte do empréstimo à recapitalização dos bancos. Ora o que se observa é que no caso do Banif e do BCP não houve recapitalização mas efectiva nacionalização com concessão da gestão a poderes privados.
Por outro lado, a concessão de subsídio de desemprego na sequência da redução de efectivos no BCP, prossegue uma prática que ajudou a arruinar as finanças públicas do país e que vigora há largos anos: aceitam os empregados a rescisão do contrato de trabalho mediante o pagamento de uma indemnização contra uma declaração de desemprego por despedimento. E chamam-lhe depois apoios sociais...
No mesmo ano em que privatiza a ANA (e não vejo inconveniente nisso) a EDP e a REN, o Governo, em nome do Estado, aumenta o capital da Caixa porque a administração incorreu em práticas condenáveis (caso da intervenção na luta accionista no BCP, por exemplo) ou desleixou a análise do risco e do interesse nacional (investindo na dívida grega, por exemplo), nacionaliza o BCP a coberto de uma recapitalização que faz do Estado o maior, mas silent shareholder, accionista do banco, nacionaliza o Banif usando o mesmo figurino, tornando o Estado quase accionista único, mas igualmente silent shareholder. Faz algum sentido?
Faz.
É a prossecução de uma política do directório europeu que tem como objectivo fundamental sustentar, a todo o custo, o sistema bancário que esteve na origem do descalabro a que chegaram as contas públicas em Portugal, Espanha, Irlanda, Grécia, Itália, e o que mais adiante se verá.
O que é cómico nesta tragédia em que se esmagam as esperanças de uma unidade europeia é a mentira com que na cena anterior os actores faziam querer aos espectadores que o sistema bancário estava sólido e apto a resistir a todos os embates. Viu-se, mas, longe disso, não se viu ainda tudo.
2 comments:
Pese embora, todas as loucuras a que assistimos, as recapitalizações, os reforços de capital, a protecção exacerbada aos ban(queiros)praticadas por este governo, para protecção e garantia dos interesses instalados, vejo como inevitável, o tombo da vaca; não para cima dos que da teta se alimentaram, mas sobretudo, para cima daqueles que não souberam enxota-los, mas que foram sempre chegando a ração ao animal.
Tem toda a razão, caro Bartolomeu.
A vaca cai para cima dos que a sugaram mas escapam-se sorrateiros e nutridos. Chamam a essa fuga impune "moral hazard". No fim de contas, ficam a pagá-las os que menos responsabilidades têm no tombo.
E obrigado pelo comentário.
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