Tuesday, January 15, 2013

O PODER DOS MEDIA

"aprofundar a democracia, constituindo um governo de jornalistas e comentadores..."-
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Caro António,

Também já tenho pensado nisso, mas temos de reconhecer que nós mesmos não resistimos à tentação de opinar.

A mim o que me espanta é o elevado número de meios de comunicação social num país com um índice de leitores relativamente baixo. Suponho que ainda se mantem o paradoxo que nos posiciona entre os países da OCDE com maior número de títulos e o menor número de leitores por mil habitantes.

Admira-me a exuberância gráfica e a qualidade do papel da generalidade das publicações diárias ou semanais em Portugal, o espaço publicitário que ainda vendem, quando as comparo com congéneres de países onde o número de leitores é incomparavelmente muito maior. A revista do Expresso, por exemplo, graficamente coloca na sombra o Magazine dominical do Washington Post (em queda, a tiragem andará pelos 700 mil exemplares, a do Expresso será pouco superior a 100 mil).

Os comentadores e analistas com banca garantida e remunerada nestes media ou são mal pagos ou o negócio é uma mina num país onde é difícil descortinar outras. (A senhora Clara Ferreira Alves afirmava há dias com compreensível orgulho mercantil que não dá opiniões, vende-as)

Considerem-se, no entanto, para além dos que vivem da venda de opiniões, os que, para além de as vender, as colocam a render politicamente. Há vários casos. Entre outros, Sócrates ganhou muita visibilidade nos frente a frente com Santana.

Mas o exemplar mais esfuziante desta amazónia de papagaios (lusos) é, indiscutivelmente, o Professor Marcelo, o homem que há dezenas de anos vem dizendo aos outros o que devem fazer, e que ele não sabe ou não quer fazer. Mas mais: além de cobrar consoante o estatuto, o Professor Marcelo está permanentemente a amornar o caldo com que alimenta a esperança de presidir à República, livrando-se do incómodo de governar.

Um tipo esperto, não há dúvida.

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