Saturday, January 19, 2013

EM CONFRONTO

Três relatórios em confronto: dois do FMI, ou um em duas partes, aqui e aqui*, e outro (preliminar) aqui*  do Grupo Técnico da Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública (IAC). O do FMI foi conhecido ontem, o da IAC está  ser hoje discutido no Instituto Franco-Português. Com âmbitos só parcialmente coincidentes, o confronto entre eles é total na matéria crítica que está subjacente à razão de existir de qualquer deles:  a dívida pública e privada dos portugueses e, sobretudo, a sua asfixiante componente externa.  Desfasado por cinco fusos horários, passei até agora apenas a vista por eles.

Não me revendo em algumas das posições geralmente assumidas por alguns dos dinamizadores da IAC, considero, no entanto, que o seu objectivo é meritório de agradecimento e as suas conclusões, quando forem conhecidas, decerto que contribuirão para um debate mais inteligente acerca das razões que nos conduziram a este beco em que nos debatemos, e onde já nos esgadanhamos uns aos outros: público contra privado, jovens contra velhos, sumindo-se os culpados entre a confusão social que criaram. 

Ao próprio FMI não podem ser indiferentes as causas e as consequências quantificadas pelo IAC porque há razões que não são ideológicas quando são provadamente matéria de facto. E as averiguações e conclusões do IAC são, enquanto invocadas como matéria de facto, susceptíveis de contra prova. Espera-se, por isso, que aqueles que têm a responsabilidade de negociar com a troica, e nomeadamente com o FMI, as adicionais medidas de austeridade implícitas nos seus relatórios, tenham em conta aquilo que pensam os outros, que eles pensam que são apenas conduzidos entre baias ideológicas opostas às suas.

Porque Portugal não é só de alguns, nem sequer apenas de uma maioria democraticamente eleita.

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*pescados aqui e aqui

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