Tuesday, January 08, 2013

DINHEIRO DEITADO À RUA

"O dinheiro lançado no Banif, os tais 1,1 mil milhões de euros é dinheiro deitado à rua, disse  Rui Moreira num programa da RTP Informação, há pouco. E é mesmo. Como foi o dinheiro derretido no BPN, no BCP, na Caixa. Já referi isso mesmo, várias vezes, neste caderno de apontamentos.   

Rui Moreira comentava Luís Nazaré, seu parceiro no programa, que considerara a pergunta do deputado do PSD Duarte Marques ao ministro das Finanças* - se é intenção do ministro tomar contra os devedores do BPN as mesmas medidas que está a tomar contra os devedores ao fisco - a melhor pergunta do ano. O ministro estará obrigado a responder mas é improvável que o faça. O BPN é uma questão do regime, estão envolvidas personagens de vários quadrantes políticos, disse Rui Moreira. E o mais provável é que Duarte Marques e os seus colegas do círculo de Santarém não vejam os seus nomes em lugares elegíveis nas próximas listas de candidatos a  deputados. Não se pode ser vertebrado nesta terra.

Não é descortinável outra explicação. O escândalo é do tamanho do silêncio que também este governo guarda sobre o assunto, e da total falta de respeito pelos que pagam impostos, que estão e continuarão a pagar estes assaltos impunes. O que não tem explicação é a implícita conivência dos tribunais. Para além da provável incompetência para fazer justiça, evidentemente.

João Salgueiro, talvez para justificar a sua distracção, ou conveniência, ele que escolha, enquanto ex-presidente da Asociação Portuguesa de Bancos, afirmava há dias que o Banif não é o BPN. A afirmação lembra uma outra ultimamente muito batida: Portugal não é a Grécia. Pois ainda não, mas vai pelo mesmo mau caminho.  
---
* Dívidas ao BPN são dívidas a todos os portugueses

Os deputados do PSD do círculo de Santarém questionam o Ministro das Finanças sobre o não pagamento de dívidas ao BPN. Em nome dos seus colegas, Duarte Marques pede esclarecimentos ao Governo sobre as medidas que o Governo pensa tomar contra os devedores, numa altura em que o buraco do Banco português de negócios já rondará 8 mil milhões de euros.

“Consideramos que as dívidas ao BPN são dívidas a todos os portugueses. Parte dos sacrifícios pedidos aos portugueses existem porque o Estado teve de investir no BPN com o dinheiro dos contribuintes”, explica.

Entre as propostas destes deputados está o impedimento de candidaturas a fundos comunitários ou a concursos públicos por parte de quem deve, mas não paga. “Sugerimos que o Estado olhe para as dívidas ao BPN da mesma maneira que olha as dívidas ao fisco ou à segurança social, ou seja criar o mesmo tipo de impedimentos às empresas ou particulares que não cumprirem as suas obrigações, impedindo-os de se candidatarem a concursos públicos ou a receberem fundos comunitários.”

Esta iniciativa de vários deputados do PSD surge na sequência de notícias segundos as quais clientes do BPN com empréstimos superiores a meio milhão de euros deixaram de pagar as dívidas, num montante global de três mil milhões.

No comments: