"O dinheiro lançado no Banif, os tais 1,1 mil milhões de euros é dinheiro deitado à rua, disse Rui Moreira num programa da RTP Informação, há pouco. E é mesmo. Como foi o dinheiro derretido no BPN, no BCP, na Caixa. Já referi isso mesmo, várias vezes, neste caderno de apontamentos.
Rui Moreira comentava Luís Nazaré, seu parceiro no programa, que considerara a pergunta do deputado do PSD Duarte Marques ao ministro das Finanças* - se é intenção do ministro tomar contra os devedores do BPN as mesmas medidas que está a tomar contra os devedores ao fisco - a melhor pergunta do ano. O ministro estará obrigado a responder mas é improvável que o faça. O BPN é uma questão do regime, estão envolvidas personagens de vários quadrantes políticos, disse Rui Moreira. E o mais provável é que Duarte Marques e os seus colegas do círculo de Santarém não vejam os seus nomes em lugares elegíveis nas próximas listas de candidatos a deputados. Não se pode ser vertebrado nesta terra.
Não é descortinável outra explicação. O escândalo é do tamanho do silêncio que também este governo guarda sobre o assunto, e da total falta de respeito pelos que pagam impostos, que estão e continuarão a pagar estes assaltos impunes. O que não tem explicação é a implícita conivência dos tribunais. Para além da provável incompetência para fazer justiça, evidentemente.
João Salgueiro, talvez para justificar a sua distracção, ou conveniência, ele que escolha, enquanto ex-presidente da Asociação Portuguesa de Bancos, afirmava há dias que o Banif não é o BPN. A afirmação lembra uma outra ultimamente muito batida: Portugal não é a Grécia. Pois ainda não, mas vai pelo mesmo mau caminho.
---* Dívidas ao BPN são dívidas a todos os portugueses
Os deputados do PSD do círculo de Santarém questionam o Ministro das Finanças sobre o não pagamento de dívidas ao BPN. Em
nome dos seus colegas, Duarte Marques pede esclarecimentos ao Governo
sobre as medidas que o Governo pensa tomar contra os devedores, numa
altura em que o buraco do Banco português de negócios já rondará 8 mil
milhões de euros.
“Consideramos que as dívidas ao BPN são
dívidas a todos os portugueses. Parte dos sacrifícios pedidos aos
portugueses existem porque o Estado teve de investir no BPN com o
dinheiro dos contribuintes”, explica.
Entre as propostas destes
deputados está o impedimento de candidaturas a fundos comunitários ou a
concursos públicos por parte de quem deve, mas não paga. “Sugerimos que o
Estado olhe para as dívidas ao BPN da mesma maneira que olha as dívidas
ao fisco ou à segurança social, ou seja criar o mesmo tipo de
impedimentos às empresas ou particulares que não cumprirem as suas
obrigações, impedindo-os de se candidatarem a concursos públicos ou a
receberem fundos comunitários.”
Esta iniciativa de vários
deputados do PSD surge na sequência de notícias segundos as quais
clientes do BPN com empréstimos superiores a meio milhão de euros
deixaram de pagar as dívidas, num montante global de três mil milhões.
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