Tuesday, January 29, 2013

CIÊNCIA E PACIÊNCIA

Não tem esse direito. O professor Pedro Lains tem, enquanto cidadão e, sobretudo, enquanto professor e investigador na área das ciências sociais, de mais a mais num instituto público, obrigação de continuar a dizer aqui, ou onde tiver oportunidade, quais os melhores caminhos que a sua capacidade descortina para tornar Portugal um país melhor para os portugueses.
Não, evidentemente, apenas o professor Pedro Lains mas todos quantos, enquanto investigadores, são remunerados para, no seu âmbito de acção, contribuirem para uma sociedade melhor. Não é esse o objectivo último da investigação, qualquer que seja o seu campo? É decepcionante, do meu ponto de vista, a abdicação quase geral da academia na discussão pública dos problemas gordos com que nos confrontamos. Que o Professor Lains seja uma das poucas excepções, posto que tímida, é lamentável perceber que lhe está faltando o ânimo e mais ousadia.
Afirma que "isto já não vai lá com argumentos. Só irá com o tempo, mas nem toda a gente tem paciência"
O que, caro Professor Lains, é uma contradição flagrante com o que refere no início deste seu lamento. Se há algum traço vincado do comportamento da sociedade portuguesa, a mansidão com que tolera as iniquidades é certamente um deles. Se o PIB cai redondamente, se os impostos sobem desalmadamente, se o emprego trepa imparavelmente, muita gente mente, e tudo se passa mais ou menos sossegadamente, quem é que precisa de mais tempo para quê?
Precisamos de mais tempo, muito mais, para pagar a dívida, por exemplo. Precisamos de tempo para convencer os credores que não temos nenhuma possibilidadede pagar o que devemos "indo aos mercados", simplesmente?
Precisamos de mais tempo para que a justiça funcione, que a burocracia seja desmantelada, que o investimento seja bem vindo, que a competência possa substituir a incompetência e o relaxe, que a protecção da banca deixe de ser o objectivo primordial de uma Europa ensimesmada nos seus múltiplos umbigos?
Não, professor Lains. É urgente que a sua geração não se lamente e funcione. Se não para que precisamos de investigadores de patentes que não encontram quem as ponha a funcionar?

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Correl.- Para uma reforma abrangente da organização e gestão do sector público - Correia de Campos: Há um grande desconhecimento da administração por parte dos cidadãos, da academia, do próprio Parlamento.
Valotti: Exemplo sobre simplificação: teorema de Pitágoras 24 palavras, principio de Arquimedes 67, Dez mandamentos 179 palavras, Declaração de Independência dos Estados Unidos 300, regulamento de proibição de fumar 29 942 palavras.
 

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