Soube-se hoje - vd aqui - que nos EUA os Republicanos dicidiram aumentar o teto da dívida por três meses, o que representa uma quase vitória de Obama. Quase, porque este recuo da oposição é significativo de que os conservadores dificilmente virão a querer assumir a responsabilidade de uma recessão que a admissão das suas propostas implicaria. De qualquer modo haverá um ajustamento da despesa, isto é, cortes de despesa suficientes para conformarem o défice com o novo teto "debt ceiling". São frequentes os relatos das consequências das restrições orçamentais.
No Economist desta semana, por outro lado, destaca-se a decisão do primeiro-ministro japonês, eleito recentemente, de realizar um programa de renovação de infraestruturas - vd aqui - de 13 triliões de yenes, cerca de 150 biliões de dólores, equivalente a 2,6% do PIB, um valor que excede o investimento público de reconstrução em consequência do terramoto de 2011. Criticado pela oposição de reincidir em políticas de obras públicas, defendem-no os seus apoiantes confiantes argumentando que este programa de cimento relançará a economia por, além dos efeitos directos sobre a actividade de obras públicas, provocar a desvalorização do yene e, desse modo, aumentar a competitividade da indústria japonesa no exterior.
A aposta de crescimento económico prevalecente nos EUA e no Japão subalterniza, portanto, o crescimento da dívida pública, que no Japão atinge os 200% do PIB, mas muito maioritariamente interna, e o câmbio das respectivas moedas. Aliás, se alguma intenção deliberada existe em matéria cambial ela parece resumir-se a "quanto mais baixo melhor". Krugman*, que tem apoiado uma política anticíclica nos EUA desde o deflagrar da crise em 2008 e criticado a politica de austeridade na União Europeia, determinada sobretudo pela Alemanha, a partir de 2010, tem aplaudido repetidamente a decisão do primeiro-ministro japonês logo que ela foi anunciada.
Porque a China joga com cartas viciadas e o valor da sua moeda, internacionalmente, reflete sobretudo as decisões do governo, a aposta da União Europeia é singular na mesa que junta os ainda principais protagonistas da economia a nível mundial. Até quando a aposta europeia pode ainda sair vencedora, não se sabe. O que se sabe é que parece, e cada vez mais, perdedora.
---*Krugman publicava há dias um gráfico comparativo da dívida pública, que tem observado uma escalada sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, com a evolução praticamente insensível dos preços no consumidor.
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