Saturday, March 03, 2012

QUINHENTOS E SESSENTA

- Não há batatas portuguesas à venda?
- Oh! Tânia, não há batatas portuguesas?
- Não. Batatas portuguesas só daquelas pequeninnhas, boas para assar no forno. Assim, batatas para cozer ou para fritar não há, não senhor. Só temos francesas, acho eu. Costumamos também ter holandesas mas agora só temos francesas.
- E este coelho é português ou importado?
- Deixe ver. É importado... Como é que eu sei? É fácil: Olha-se aqui para o código de barras, está a ver aqui?, quando é produto nacional começa por 560. Se não, é importado. 

Resumindo: 
O desemprego já vai nos 14,8%, segundo os dados do Eurostat divulgados anteontem (cf aqui), contrariando as previsões do ministro das Finanças que no dia anterior tinha afirmado que a recessão atingiria este ano 3,3% e o desemprego 14,5% até ao fim do ano.
Mas não há quem produza sequer os coelhos que comemos nem as batatas necessárias para um trival "coelho à caçador", provavelmente uma das receitas culinárias mais económicas que se podem cozinhar.

Por cada compra ao estrangeiro de produtos essenciais que consumimos e que podemos produzir estamos, objectivamente, a contribuir para o aumento do desemprego e, mais tarde, para a ruína colectiva do país.
Mesmo que alguns sabidos continuem a afirmar que não temos que produzir batatas se são mais baratas as batatas importadas de França e Aragança. 

À RTP competiria, porque lhes pagamos uma grossa maquia para prestar servço público, promover um debate esclarecedor desta questão. Mas não. O nosso dinheiro serve para engordar o "Preço Certo".
Até ao dia em que for insuportável continuar a engordá-lo.

1 comment:

Fenix said...

Para grandes males grandes remédios: é impor uma Lei das Sesmarias versão séc. XXI. E já agora, é deveras estranho que o memorando de entendimento não se tenha debruçado sobre a nossa agricultura, mas é claro, que quando nos obrigaram a acabar com ela tínhamos os nossos queridos parceiros europeus para não nos deixarem morrer à fome!