Sunday, August 28, 2011

UMA QUESTÃO PERTINENTE

Deve a Fed, e os bancos centrais em geral, mudar de alvo e abandonar prioridade da contenção da inflação tomando como referência os valores nominais do PIB?

Há três dias atrás, Paul Krugman recordava a Bern Bernanke, que ia a caminho de Jackson Hole, o santuário onde se concentrou a fina flor dos bancos centrais deste mundo, o recado que tinha dado ao Banco do Japão, em 2000, quando a economia japonesa estagnava. Bern Bernanke no tradicional discurso anual  não parece ter tomado em conta o remoque, e Krugman, sempre irónico, no dia seguinte, comentava aqui: " One positive thing in Bernanke’s speech — I’m trying to look on the bright side — is that for what seems to me the first time he has more or less acknowledged that we are not, in any real sense, experiencing a recovery...".

O confronto entre os defensores de políticas contra-cíclicas que possam reactivar a economia e criar emprego e os que pretendem travar o crescimento do défice e da dívida e reduzir a intervenção do Estado à sua expressão mais simples, está mais acirrado que nunca. Uma das marcas mais salientes deste confronto é o alinhamento quase total dos candidatos já conhecidos às primárias dos republicanos pela radicalização à volta dos malefícios do Estado. 

A crítica de Krugman, sempre ele, aqui, a um artigo de Roberto Barro, um académico prestigiado, mas do outro lado da estrada, dá uma ideia da distância cada vez mais longa entre académicos e políticos de um de outro acerca das medidas que a situação persistente de crise exige. 

Neste contexto caracterizado por divergências irredutíveis, o artigo publicado no Economist desta semana, que transcrevo aqui, é prudente como equaciona um problema que não é só dos EUA mas das economias ocidentais em geral, afectadas, directa ou indirectamente, por uma crise que ameça recair.

Vindo de onde vem, percebe-se que ninguém gosta de austeridade nem de inflação mas, no momento actual, parece que não se pode passar sem uma delas.

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