O Washington Post de hoje, num artigo da primeira página, e a propósito das quedas dos mercados accionistas norte-americanos e europeus, subtitula: A crise está a tornar-se numa crise bancária. E os jornalistas autores do artigo (este) historiam os mais recentes acidentes bolsistas para chegar a uma conclusão que me parece óbvia, e, mais que óbvia, recorrente.
Porque é evidente, e natural, que a crise é sobretudo uma crise bancária. Se não fosse não haveria tanta preocupação com os devedores.
Evidente, porque há muito que se percebeu que os bancos europeus (e não só, mas principalmente) se encontram enredados numa teia de dívidas que os ameaça a todos. Natural, porque foram os bancos que estiveram em ambos os lados do Atlântico na origem do terramoto financeiro de 2008, nas réplicas durante os últimos três anos, e na ameaça de um novo sismo de magnitude por enquanto desconhecida. Foram os banqueiros quem, fiados na rede fatal do "moral hazard", deram corda ilimitada à sua ganância, forjaram engodos para as ratoeiras em que fizeram cair os incautos e os gulosos.
Até ao momento em que, eles próprios, cairam nas ratoeiras que armaram e tentam, agora como sempre, que sejam os contribuintes a alombar com o peso total das suas irresponsabilidades. Colocados entre o poder dos votos e a força dos lobies banqueiros, os políticos hesitam em fazer o que devem para acabar de vez com os jogos de casino fora dos locais apropriados para o efeito, retirando a rede do moral hazard aos impropriamente chamados bancos de investimentos.
Enquanto existir essa rede a ratoeira continuará armadilhada.
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