A imitação da pobreza continua na moda, mas é cara, muito cara mesmo.
A Levi´s, suponho que foi a Levi´s, lançou há três décadas a moda dos jeans rasgados, desbotados, quanto mais esfarrapados melhores, e, portanto, mais caros. Compreensível: a aparência de empobrecimento ou leva tempo, e quem não quer andar fora da moda não espera até que o material empobreça, ou exige tratamentos adicionais, que têm custos.
Uma ou duas décadas antes, a arte povera tinha-se imposto a partir de Itália, e os criativos da moda pegaram na ideia.
Hoje reparo aqui que uma casa de moda de luxo francesa está a lançar no mercado uma linha de ténis rasgados, a um preço - 1400 euros - que será uma pechincha para quem recebe mesada de vários múltiplos do salário mínimo.
A explicação mais comum para este prestígio da decadência aparente junto dos jovens, com recursos materiais, é a afirmação de rebeldia. Mas não será antes, como sugere uma das inscrições no modelo acima, um sintoma de tédio precoce de jovens enjoados com tanta fartura à volta, mais uma consequência dos efeitos perversos da desigualdade social?
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