O Washington Post publica hoje uma série de artigos - Obama´s secret struggle to punish Russia for Putin´s election assult - resultantes da investigação que tem vindo a realizar sobre a intromissão de hackers russos nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016.
E, conclui, resumindo na primeira página:
"Em termos políticos, a interferência da Rússia foi o crime do século. Foi um caso que demorou pouco tempo a resolver e envolve o presidente russo, Vladimir Putin. Mas por causa das vias com que o presidente Barack Obama e o presidente Trump lidaram com o assunto, o Kremlin ainda não enfrentou graves consequências. Através de entrevistas com mais de três dúzias de funcionários actuais e antigos dos EUA, o WP conta a história interna de como a administração Obama lidou com a intromissão do Kremlin na eleição dos EUA de 2016"
As vias eram, obviamente, divergentes. Putin, por razões que eles conhecem e muitos desconfiam, queria Trump na Casa Branca, e fez, ou mandou fazer, o que quis para difamar Hillary Clinton. Se Clinton tivesse sido eleita, outro galo cantaria. Obama soube do que se passava mas estava de saída. Trump atingiu o objectivo e, sem poder negar o inegável, tentará que o tempo desvaneça o atentado de Putin contra a democracia norte-americana.
O crime do século?
É exagero do Washington Post considerar o assalto de Putin às eleições norte-americanas. O século ainda está no começo, e se olharmos pelo retro visor da história, esta intromissão russa é, quanto muito, quando comparada com os crimes mundiais cometidos nos últimos cem anos, uma provocação menor.
De qualquer modo, as investigações continuam a balançar a corda bamba onde o funâmbulo presidente dos norte-americanos continua a deslumbrar os seus irredutíveis, ainda que minoritários, admiradores.
Trump não ganhou o voto popular (perdendo por uma diferença nunca antes observada de três milhões de votos), Trump beneficiou da campanha de difamação orquestrada pelos hackers russos, Trump todos os dias exibe ao mundo a insolência do seu carácter, a popularidade de Trump nestes primeiros cinco meses do seu mandato situa-se, quando comparado com os seus antecessores em períodos homólogos, aos níveis mais baixos de sempre, mas
Trump tornou-se presidente contra a maioria das expectativas e das sondagens.
Se os Democratas se limitarem a abanar-lhe suavemente a corda, e ele se aguenta provocando crescente admiração pela sua resiliência, não será o "crime do século", ou outro incidente do estilo que fará recuar os republicanos nas midterm elections em Novembro de 2018 e provocar a queda do artista.
O populismo sustenta-se sempre na pusilanimidade das elites.
Correl . -
Freedom To Tinker - Lessons of 2016 for U.S. Election Security
Russian interference in the 2016 United States elections
Hackers russos atacaram 21 estados norte-americanos nas eleições de 2016
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