A taxa de desemprego é geralmente a mais contundente de todas as que as sociedades consideram para medir a sua estabilidade em tempos de paz. Até porque se ela se eleva para além de limites socialmente toleráveis (que dependem sobretudo dos sistemas de segurança social), cresce a taxa de criminalidade, o outro pavor social. Nos EUA, a menos de dois meses das próximas eleições presidenciais, os dois candidatos irão esgrimir argumentos centrados à volta da segurança social defendida por Obama e atacada por Romney & Ryan (Ryan promete ser a eminência parda, à semelhança de Dick Cheney com George W. Bush) e da taxa de desemprego.
Quando Obama tomou posse, em Janeiro de 2009, a taxa de desemprego era de 9,6%, hoje está nos 8,1%. Um valor que nos EUA, onde a segurança social ainda está longe de poder comparar-se com a generalidade dos sistemas europeus, 8,1% é um valor incómodo para quem defende um segundo mandato e um brinde para quem quer conquistar um primeiro. Ainda que seja público e notório que Obama iniciou funções num ambiente económico e social à beira da catástrofe, revelado na última fase do mandato de George W. Bush.
Em Agosto, houve um crescimento de 96 mil empregos (um valor que os especialistas consideram poder estar errado), manifestamente insuficiente para responder à entrada média mensal de 120 mil novos candidatos a um emprego. E porquê? A indústria, que no passado funcionava como mola fundamental de relançamento da economia após um período de estagnação ou recessão, continuou a perder empregos em Agosto, a construção civil continua estagnada no buraco em que caiu, o sector público continua a reduzir pessoal em consequência do défice. Apenas o sector financeiro e o da saúde criaram empregos.
Os poderes do presidente dos EUA são limitados e as políticas adoptadas durante o seu mandato refletem apenas uma parte das suas preferências. O ano passado, Obama enfrentou a irredutibilidade de um Congresso dominado pela maioria republicana, vitoriosa nas eleições intermédias de 2010, na adopção de medidas que poderiam ter tido um alcance maior no relançamento de uma economia abalada pela crise financeira revelada em 2008. O país chegou à beira da ruptura financeira e, só então, os republicanos cederam algum espaço ao presidente.
Até que ponto os eleitores norte-americanos nos estados flutuantes (swing states) vão ler a situação actual deste modo só em Novembro se saberá.
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