Com alguma surpresa ouço na rádio ao começo da tarde que Bruxelas exige mesmo a adopção das medidas de redução/aumento da TSU como condição para a libertação da tranche de 4,5 mil milhões do empréstimo intermedidado pela troica. Ou, em alternativa, outras medidas que atinjam os mesmos objectivos do défice*. Se essas medidas vão agravar a recessão e aumentar o desemprego, tal facto, a verificar-se, é secundário segundo Merkel e, consequentemente, para a Comissão Europeia. Esta posição já tinha sido, aliás, anteontem antecipada pelo vice-presidente do BCE, o imperdoável Constâncio.
Estudo empírico realizado a partir dos pressupostos da controversa medida, citado aqui e aqui, conclui pela forte probabilidade de impacto negativo sobre o emprego com uma legenda irónica sobre a fé de Gaspar (pelos vistos, não só) e o trabalho realizado pelo grupo que fez estudo: In God we trust; all others bring data.
Mas bem poucos, afinal, suportam as suas posições com dados trabalhados. O próprio ministro das Finanças até hoje não tornou público o modelo, ou os modelos, que levam a concluir pelos benefícios da medida, limitando-se a afirmar que possui vários estudos que suportam a sua proposta. Admito uma razão para este secretismo, que, aliás decorre das declarações de Merkel feitas hoje: Eles sabem que as medidas vão ser recessivas, que o desemprego subirá, que a recessão persistirá, e esperam que o saldo comercial com o exterior continuará a equilibrar-se, e que o défice das contas públicas se encaminhe para os 3% em 2014. Nada garante, contudo, que, mesmo com sacrifício de tudo o resto, o objectivo dos sacrossantificados 3% seja atingido.
A dívida pública continuará a crescer e a eventual redução do défice primário (antes de juros) não será suficiente para cobrir o crescimento dos juros se a economia não crescer vigorosamente, e nada pressupõe que isso aconteça. Assim sendo, persistirá o diktat de uma situação de subordinação implacável a que não se vê o fim.
E é quando a ameaça persiste que PSD e CDS-PP medem forças em público por causa da nova TSU, lê-se em manchete no Público. Também não foi informado Paulo Portas? Insisto nisto: É cada vez mais claro que Passos Coelho sofre da mesmo excesso de autosuficiência que caracterizava o seu antecessor.
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Act-.Uma proposta de alternativa: Aumentar a progressividade dos impostos (aqui)
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Act-.Uma proposta de alternativa: Aumentar a progressividade dos impostos (aqui)
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