Thursday, September 13, 2012

A INOCÊNCIA DE MR. ROMNEY

Um agente imobiliário da Califónia, de ascendência judaica, convicto de que o Islão é "uma religião do ódio" dirigiu e produziu uma longa metragem - "Innocence of Muslims"- de má qualidade, segundo a generalidade dos críticos, e os trailer publicados no Youtube confirmam.

Na terça-feira passada, 11 de Setembro, os norte-americanos e o mundo relembravam o 11 de Setembro de há 11 anos atrás. Tudo parecia calmo, talvez calmo demais, num país a menos de um mês de eleições presidenciais, para quem se habitou a ouvir a chinfrineira política que assalta as ruas em ocasiões semelhantes, os outdoors a baterem-se em tamanho, impondo-nos as fronhas dos candidatos por todo o lado. Aqui, os raros cartazes fixados ao solo nas bermas das ruas não vão muito além de 40*30 cm, com os nomes dos candidatos. A propaganda política passa sobretudo pela televisão e pelos comícios dos candidatos. À segurança social (onde Romeny já se aproximou da política de Oabama)  e ao desemprego (onde nenhum dos candidatos quer arriscar uma aposta concreta) tinha-se juntado nos últmos dias a greve dos professores em Chicago como um dos tópicos mais fracturantes do eleitorado. Faltava a guerra do petróleo, onde os republicanos marcam mais pontos apoiados por uma massiva propaganda nos media (televisão e imprensa) favorável ao aproveitamento das reservas do Alasca promovida pelas corporações petrolíferas do país.

No dia 11, como é sempre esperável em cada 11 de Setembro que passa, da guerra do petróleo voltou a ouvir-se o sinal da Al-Qaeda. "A Inocência dos Muçulmanos" tinha sido recentemente descoberta e arvorada como símbolo maldito do inimigo de sempre, e conduzido a fúria fanática até à morte de quatro norte-americanos, incluindo o representante consular em Benghazi, a segunda maior cidade Líbia. Mr. Romney, mal teve conhecimento do ataque, e ainda sem conhecer nem quem nem quantas eram as vítimas, apressou-se a criticar a política de Obama para o Médio Oriente.

Há quase 33 anos, era presidente Jimmy Carter, foi assaltada a embaixada norte-americana em Teerão, e feitos 60 prisioneiros. Só seriam libertados 444 dias mais tarde, já Ronald Reagan tinha sucedido a Carter, que foi derrotado em larga medida pela afronta de Teerão e pela incapacidade em libertar os refens. É bem provável que Reagan, ainda candidato, tenha manobrado nos bastidores políticos externos pelo adiamento da libertação. 

Estaria Mr. Romney a calcular aproveitar uma situação idêntica para ganhar votos quando, inusitadamente, criticou a política de Obama?   Se essa era intenção, para já o tiro saiu-lhe pela culatra.

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