Sunday, September 16, 2012

AMERICAN GIRL

A injecção de liquidez, sem limite fixado, na economia norte-americana, via compra de dívida pública, que Ben Bernanke, ou alguém por ele, designou QE3 (Quantitative Easing 3), a que fiz referência aqui, terá certamente efeitos sobre o crescimento da economia mas não é seguro que a esse crescimento corresponda um crescimento relevante do emprego e uma redução do desemprego para os níveis a que os norte-americanos se habituaram. O sector do imobiliário ainda continua dormente, os empregos têm aparecido sobretudo nos sectores financeiro, a recuperar lentamente de um grande abalo, e na saúde. A indústria voou há muito para outras paragens e não podem agora os EUA contar com ela para a retoma, como contaram em depressões anteriores.
 
Entramos nas lojas, e os produtos etiquetados "made in China", sobretudo, mas também "made in Índia", "made in Indonesia" enchem os espaços de vendas. A America Girl, uma série gizada na mesma ideia que fez da "Barbie" um sucesso de marketing mundial, é, uma concepção produzida na China. Vendida a preços que não são da China, a diferença entre o custo de produção industrial, baixo, se não não seria "made in China" e o preço de venda, que é elevado, é tomado pelos criativos e distribuidores, que são geralmente ser os mesmos.  

Na Anthropologie, uma cadeia de venda de roupas para senhora, mas também de cerâmicas e vidros , para além de alguns outros artigos decorativos, dirigida sobretudo às classes jovens A/B (alta média alta) o cenário é idêntico: as roupas são "made in China", algumas"made in Índia", tendencialmente mais mais requintadas, e portanto também mais caras, estas que aquelas. Ao lado, nos expositores de louças e vidros, a China continua a ter lugar preponderante mas aparecem alguns items, que não são nem os mais elaborados nem os de  preço mais elevado, "made in Portugal".   

No Whole Foods, uma cadeia de supermercados, também dirigida às classes A/B, os produtos à venda são, na sua maioria, de origem (protegida) norte-americana, a China não entra ali, de Portugal encontra-se uma representação escassa de vinhos do Porto e um ou outro vinho verde, geralmente de qualidade inferior, no meio de uma garrafeira impressionante de vinhos da Califórnia, mas também da Argentina, do Chile, da França, de Itália, da África do Sul, entre outras procedências com forte representação, até da Alemanha e da Áustria!   

Para Mr. Conard, amigo, ex-colaborador e patrocinador de Mr. Romey, já apontei neste caderno, "os EUA devem (continuar) a abandonar a indústria, encaminhar os talentos para as tecnologias de ponta e para as áreas financeiras. Os outros, aqueles a quem a natureza não talentou, que cuidem das crianças e os jardins dos talentosos". Vá lá. Mr. Conard não incluiu mas também não excluiu o sector primário.
 
Os Mr. Conard não vêem, ou não querem ver, que os chineses não garantiram a ninguém que não estão já a saltar para o lado admirado das hig-tech. O desafio chinês tem cada vês mais frentes de confronto.  
 
 
E, em Portugal, sem indústrias de tecnologia de ponta nem um sector primário competitivo, que alternativas temos para competir no mercado das baixas tecnologias que é aquele, salvo algumas excepções notáveis, sem confronto com as produções chinesas, onde os salários são baixos?
 
Leio aqui  "as economias ajustam-se pelo mercado e não por medidas de choque de eficácia não comprovável e obviamente reversíveis com mudanças de governo".
Mas devo estar a ler mal.
 
 

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