No apontamento que coloquei ontem neste bloco de notas comprometi-me a voltar ao assunto.
A questão da sobrevivência do euro e, consequentemente da União Europeia, nunca foi tão premente como agora porque nunca o abalo foi tão forte nem as consequências possíveis tão dramáticas para o futuro da Europa.
Hoje de manhã ouvi na Antena 1 uma breve entrevista a Ricardo Reis, um jovem professor português de Economia em Columbia, geralmente considerado pelos seus pares como um economista de elevado gabarito. Ricardo Reis já se tem enganado redondamente nos seus prognósticos a respeito da crise (com referi, p.e., aqui), mas a sua opinião conta.
Interrogado acerca da crise em que se encontra mergulhada a União Europeia, e, particularmente, o euro, Ricardo Reis foi peremptório ao afirmar que a crise continua a ter o seu epicentro na Grécia, mas são os abalos dessa crise em Itália e Espanha que poderão provocar o desmoronamento do sistema; Portugal, se continuar a cumprir os compromissos assumidos com a troica, continuará fora dos efeitos da crise grega, qulquer que seja o seu desfecho.
Defecho esse que pode passar pela concessão de mais crédito, e consequente relaxamento de algumas exigências de austeridade contidas no plano de ajuda (a intervenção de hoje de Angela Merkel vai nesse sentido, de não deixar cair a Grécia, ainda que seja conhecida a fractura no seio do seu governo a respeito deste salvamento); pela reestruturação controlada da dívida (uma ideia lançada há algum tempo que caiu tão depressa como apareceu; ou pelo incumprimento dos compromissos do Estado grego com os seus credores internos e externos. Nesta último caso, o caos superveniente a uma tal calamidade poderia levar à intervenção das forças armadas.
Nenhuma das hipóteses colocadas por RR contempla uma solução colocada num patamar de maior integração europeia envolvendo um governo federal, cujo embrião Merkel e Sarkozy há semanas enunciaram sobre a forma de governo económico sem lhe definirem os contornos.
Insanity is doing the same thing over and over again, expecting different results, avisava Einstein.
Parece que não. Pode acabar por originar um golpe militar. Na Zona Euro, na União Europeia, num país membro da Nato? O inimaginável pode acontecer quando a insanidade excede todos os limites imagináveis.
Ricardo Reis, como referi, já se tem enganado. Espera-se que continue.
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