A banca suíça tem fama (e proveito) de proceder com discrição e prudência.
Não por acaso, na situação de crise que se atravessa no sistema financeiro, e particularmente na zona euro, ( a crise do euro está a levar as famílias e empresas da Grécia, Irlanda, Espanha e Itália a retirarem as poupanças dos bancos; a diminuição do saldo dos depósitos chega aos 40% no caso irlandês - aqui) o franco suíço tem sido, como várias vezes na passado, procurado como refúgio, como se fosse ouro. Como a praça de Zurique é uma praça forte mas a Suíça é um país pequeno (cerca de 7 milhões de habitantes) a excepcional procura de francos suíços atirou com as suas cotações para níveis insuportáveis para a economia suíça, e o Banco Central Suíço teve de intervir decidindo-se por ligar a cotação da sua moeda sua ao euro (1 euro não menos que 1,2 francos suíços).
Mas até na Suíça as tradições mudam, mesmo as banqueiras.
O maior banco suíço, a UBS, foi obrigado a reconhecer nas suas contas, em Abril de 2008, perdas de 37 biliões de dólares decorrentes da burla em que se deixou incorrer ao investir produtos financeiros intoxicados com obrigações sub-prime, made in USA. O presidente foi obrigado a demitir-se.
Hoje, é notícia que o UBS voltou a sofrer perdas pesadas decorrentes de operações que não controlou ou controlou mal: um dos seus agentes agentes, da sua banca de investimentos, operou sem permissão e provocou perdas de 2 mil milhões de dólares - aqui.
Acontecimentos destes ocorrem, estou certo disso, todos os dias em toda a parte onde se realizam operações destas. A esmagadora maioria, porém, é dissolvida, ou porque são os clientes/investidores que suportam as perdas, ou porque as perdas não têm a dimensão medida em milhares de milhões.
Nada disto seria dramático se não existisse a promiscuidade entre a banca de depósitos e a impropriamente designada banca de investimento. Se dos jogos financeiros realizados por esta não resultassem consequências muito negativas para aquela, nada a opor pelo cidadão comum que não tem hábitos de jogador. Acontece que não é assim: Quando as perdas decorrentes da banca de investimento ameaçam a solvência do banco, a ameaça de risco sistémico obriga os Estado a intervir e a lançar impostos sobre os cidadãos para resgatar o sistema.
Esta a razão fundamental da crise aque atravessamos.
David Cameron anunciou anteontem que o Reino Unido vai separar a banca de investimento da banca de retalho. Espera-se que o exemplo se propague.
Neste bloco de notas já abordei o assunto dezenas de vezes.
No comments:
Post a Comment