Quem gosta de jardinar, sabe que boa ferramenta é essencial para um trabalho perfeito.
O Jacinto tinha comprado em tempos uma tesoura de podar "made in China" que nunca funcionou capazmente. A tranca da mola soltava-se, a mola pasmava de dia para dia, e a lâmina enferrujara. Foi ao Leroy Merlin ( um nome danado de estranho) com uma fisgada: made in China, nunca mais! O que é barato sai caro e o que é bom custa dinheiro.
Já lhe custava não ter, como havia dantes, uma loja com nome português que vendesse ferragens, ferramentas, e outras coisas do género. Resignava-se a essa realidade mas não transigiria na procedência dos artigos. Para ele, tesoura ou t-shirts, a partir de agora, da China, jamais! Aproveitaria também para comprar um bom alicate, para substituir um que comparara por tuta e meia mas que funcionava mal desde o primeiro dia, evidentemente made in China.
Tesouras de podar havia várias, nenhuma made in Portugal. Desde que passámos a país rico, só nos interessam as tecnologias de ponta. Curiosamente, também não havia made in China. As pessoas já não podem ver made in China, pensou o Jacinto, que pensava o mesmo. Havia umas, made in Spain, modelo antigo, forte feio. Logo ao lado, uma tesoura de lâminas de um aço inconfundível, certamente alemão, pegas revestidas a preceito, com garantia de 5 anos. Custava 9,85 euros, a espanhola, 7,85. Por dois euros, não hesitou. Alicate, comprou um polaco: 2,5 euros. Do mal o menos. Se não há made in Portugal, pelo menos é made in UE. (Será que a redução da TSU vai permitir passar a haver ferramentas made in Portugal?)
Chegou a casa, ensaiou a tesoura. Corta como qualquer boa tesoura alemã.
E foi ao arquivar a garantia que reparou na procedência: made in PRC.
Onde, diabo, é isto?, perguntou-se o Jacinto?
Onde, diabo, é isto?, perguntou-se o Jacinto?
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