"Quem não cumprir, tem de ser obrigado a cumprir”, afirmou a chefe do governo alemão, sugerindo ainda alterações aos tratados europeus para que os países prevaricadores possam ser processados no tribunal europeu de justiça, se necessário.
Não faço a mais pequena ideia se as declarações de Merkel de hoje vão excitar alguns nacionalismos malferidos ou se se diluem na banalização da corrente grossa de comentários sobre a doença, aparentemente incurável, que atingiu a Europa.
Merkel não é um comentador qualquer. Não conheço a versão original da entrevista de onde foram retirados os excertos que Público transcreve. Admito, por isso, que Merkel possa não ter dito que "Quem não cumprir tem de ser obrigado a cumprir (pelo tribunal europeu de justiça)" mas qualquer outra expressão parecida com alcance sensivelmente diferente daquele da que muito linearmente se depreende da leitura destes excertos retirados do contexto.
Mas se Merkel quis dizer mesmo aquilo a sua proposta é redundante mas, mesmo redundante, é desnecessária e grave.
Redundante, porque os países intervencionados pela troica já estão objectivamente em situação de perda parcial de soberania, para além daquela que todos os países abdicaram enquanto membros da UE e da Zona Euro. Desnecessária, porque, não sendo admissível que Merkel tenha em mente uma intervenção bélica nos países relapsos para fazer cumprir os compromissos assumidos nos tratados, a troica (onde o peso alemão é preponderante), tem na mão a faca para cortar o queijo quando e como quiser.
Mas é sobretudo grave porque toca num ponto que pode exarcerbar a irracionalidade que conduz aos conflitos entre as nações.
Como dizia um velho amigo meu, que, de estúpido não tinha nada, " Sou estúpido mas não gosto que me chamem!"
Ninguém gosta. Merkel deveria saber isso.
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