O Bloco de Esquerda afasta hipótese de qualquer coligação com PS. Supõe-se que não pense governar Portugal em coligação com o PCP. Por sua vez o PCP também não parece disposto a caucionar a "política de direita" do PS, ainda que Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso sejam partidários de uma coligação da esquerda, segundo declarações recentes. Em última instância, Ferro Rodrigues sugere uma coligação com o PSD. Mas com Sócrates de um lado e Ferreira Leite do outro, a reedição do bloco central parece uma hipótese mais que remota. O CDS/PP (quando é que este partido dispensa uma designação híbrida?) espreita a possibilidade de garantir a maioria absoluta com o partido vencedor, sendo-lhe quase indiferente que o vencedor relativo seja o PS ou o PSD, porque o que mais importa a Paulo Portas é voltar ao poder.
A transferência de votos que tem vindo a observar-se do PS para a esquerda comprometerá a governabilidade do país, e a confusão política que vai resultar dos resultados das próximas legislativas exigirá do PR uma atitude decidida no sentido de evitar que a crise económica que mina as raízes do regime não seja irremediavelmente potenciada por uma crise política sem precedentes em regime democrático.
E essa atitude não pode deixar de convocar todas as forças políticas realmente interessadas em governar o país e denunciar os que apenas jogam o jogo da oposição para capitalização do descontentamento e arrecadação de votos.
Em regime semi-presidencialista, quando os votos não determinam maioria absoluta nem se geram coligações que a possibilitem, o presidente fica debaixo de xeque. E, neste caso, ou se salva o rei e o jogo continua, ou o rei não tem saída e o jogo tem de ser outro: outras eleições.
Entretanto, os problemas do país agravar-se-ão exponencialmente.
3 comments:
"a governabilidade do país"
O que temos assistido, há muitos anos, é ao governo dos nossos politicos em proveito próprio.
Qualquer que seja o governo que saia das eleições posso desde já adivinhar o seu discurso:
'Portugueses o estado da economia é muito pior do que esperavamos. O governo anterior, com as suas politicas, deixou o país de tanga.
Com a crise internacional bla bla bla ... vamos ter que apertar o cinto e fazer muitos sacrificios para tentarmos recuperar...'
Quantas vezes é que já ouvimos isto?
A minha dúvisa é, será que ainda há cinto para apertar?
Meio milhão de desempregados, metade das familias portuguesas com rendimento inferior a 900 Euros e endividadas até ao pescoço, comercio a fechar todos os dias (no meu bairro, Carnaxide, já fecharam várias e as poucas que abriram estão às moscas), continuamos a ouvir quase todos os dias o anuncio de mais uma empresa que vai fechar e/ou despedir pessoal e empresas a abrir nem vê-las...
Parece-me que o país já não está de tanga mas sim, no OSSO.
Ganhe a esquerda ou a direita, a Manuela ou o José, receio que o desgoverno geral vá continuar.
E, até aqueles que se vão tentar governar na sua carreira politica vão começar a ter dificuldades em 'participar' em tantos negócios.
Será que não temos uma ideia de algo que a China precise?
Afinal são os únicos que continuam a comprar...
"Ganhe a esquerda ou a direita, a Manuela ou o José, receio que o desgoverno geral vá continuar."
Eu receio, como muita gente, aliás, que vamos assistir a tempos de grande confusão a partir do momento em que sejam conhecidos os resultados das próximas legislativas.
O que penso é que, nessas condições, o PR vai ter que enfrentar uma situação muito complexa. Que, muito provavelmente, provocará eleições até meados do próximo ano.
"O que temos assistido, há muitos anos, é ao governo dos nossos politicos em proveito próprio."
Nunca fui político, não tenho familiares nem amigos políticos. Mas não me parece que possamos avaliar todos os políticos pela mesma medida. Há gente honesta na política, ainda que não acredite na honestidade "quimicamente pura".
E depois, os políticos são o que são, mas não podemos passar sem eles.
Ou podemos?
"O que penso é que, nessas condições, o PR vai ter que enfrentar uma situação muito complexa"
O que o PR vai ter que enfrentar não é nada comparado com o que a grande maioria da população se vai defrontar. Parece-me.
Claro que há politicos honestos mas, será que os deixam governar ou os elegem?
Repare.
Compras de submarinos, Freeport, BPN,sacos azuis, negociatas com clubes de futebol, contratos atribuídos sem concurso, negócios ruinosos para o Estado com beneficios largos para quem os faz, etc...
"E depois, os políticos são o que são, mas não podemos passar sem eles.
Ou podemos?"
Com o tipo da maioria dos politicos da nossa praça talvez fosse bom passar sem eles e acabar com as negociatas que nunca se esclarecem e, por isso, nunca se punem os responsaveis.
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