SÁBADO, 22 de AGOSTO DE 2009
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A viagem da Secretária de Estado Hillary Clinton a África não foi bem sucedida. O que só pode visto como um revés na ultrapassagem de um dos difíceis obstáculos que a administração Obama se propôs enfrentar para concretização de algumas das políticas de referência da sua campanha para a presidência.
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A viagem da Secretária de Estado Hillary Clinton a África não foi bem sucedida. O que só pode visto como um revés na ultrapassagem de um dos difíceis obstáculos que a administração Obama se propôs enfrentar para concretização de algumas das políticas de referência da sua campanha para a presidência.
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Em Angola, que representa hoje um papel político fundamental na África austral, J E dos Santos respondeu a Clinton não saber ainda quando teriam lugar as eleições presidenciais no país. Um amigo meu, que se desloca a Angola com muita frequência, diz compreender a posição de J E dos Santos, porque, segundo ele, a democracia formal é um regime que funciona mal em países subdesenvolvidos.
Em Angola, que representa hoje um papel político fundamental na África austral, J E dos Santos respondeu a Clinton não saber ainda quando teriam lugar as eleições presidenciais no país. Um amigo meu, que se desloca a Angola com muita frequência, diz compreender a posição de J E dos Santos, porque, segundo ele, a democracia formal é um regime que funciona mal em países subdesenvolvidos.
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A opinião pública norte-americana não pensa, maioritariamente, assim. Nem a maior parte das suas elites. Pelo contrário, os norte-americanos vêm, geralmente, as ajudas a países governados por regimes totalitários a canalizarem-se para contas em off shore das classes dirigentes desses países. O que, lamentavelmente, é frequentemente verdade.
A opinião pública norte-americana não pensa, maioritariamente, assim. Nem a maior parte das suas elites. Pelo contrário, os norte-americanos vêm, geralmente, as ajudas a países governados por regimes totalitários a canalizarem-se para contas em off shore das classes dirigentes desses países. O que, lamentavelmente, é frequentemente verdade.
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Não sendo uma condição suficiente, a democracia parece ser uma condição necessária ao progresso social e económico sustentado quando se analisa a correlação entre democracia e desenvolovimento humano. Ainda que tanto no passado como hoje haja exemplos de desenvolvimento que contrariam aquela correlação (China e Índia, na actualidade, por exemplo, mas a evolução económica e social da China ainda se encontra num patamar relativamente baixo).
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Se o continente africano continua à deriva e se mostra, na generalidade dos países, incapaz de absorver os benefícios da evolução da ciência e da técnica, é porque os seus recursos próprios são delapidados em benefício de minorias (internas e externas) e o auxílio humanitário estrangeiro não chega aos destinatários.
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O mesmo raciocínio se aplica a todos os países dominados por regimes ditatoriais, na maior parte dos casos em destruição contínua infligida por guerras sem fim. Pode a tentaviva de plantação de raízes de prática democrática nestas sociedades fazer crescer nelas a democracia e potenciar o seu desenvolvimento humano? A experiência já tentada em outras sociedades tem demonstrado que a árvore democrática pode agarrar-se em ambientes difíceis e crescer com o tempo. Em ditadura, geralmente, ao crescimento económico inicial segue-se o seu definhamento.
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A crónica de Vasco Valente publica no Público de ontem não foge à regra que o autor utiliza para continuar a passar recibo. Ver na tentativa de democratização, ainda que mitigada, de um povo sujeito à opressão de tiranos fanáticos, que prometeram destruir o Ocidente, uma superstição perigosa, só pode decorrer de uma visão vesga da sociedade afegã. Que alternativa poderia melhor isolar os talibãs e acantonar o terrorismo? Ninguém sabe. E o Valente Vasco também não.
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"Eleições no Afeganistão? Eleições num país sem espécie de experiência democrática, tribal, analfabeto e pobre? Num país que está em guerra e, pelo menos, parcialmente ocupado? Num país com um Governo corrupto que obedece ao estrangeiro? Num país que os taliban, em aliança ou em competição com os "senhores da guerra", intimidam, matam, exploram e em certas regiões governam? Num país que vive do ópio? Nenhuma superstição do Ocidente é tão estúpida e, em última análise, tão perigosa."
Não sendo uma condição suficiente, a democracia parece ser uma condição necessária ao progresso social e económico sustentado quando se analisa a correlação entre democracia e desenvolovimento humano. Ainda que tanto no passado como hoje haja exemplos de desenvolvimento que contrariam aquela correlação (China e Índia, na actualidade, por exemplo, mas a evolução económica e social da China ainda se encontra num patamar relativamente baixo).
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Se o continente africano continua à deriva e se mostra, na generalidade dos países, incapaz de absorver os benefícios da evolução da ciência e da técnica, é porque os seus recursos próprios são delapidados em benefício de minorias (internas e externas) e o auxílio humanitário estrangeiro não chega aos destinatários.
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O mesmo raciocínio se aplica a todos os países dominados por regimes ditatoriais, na maior parte dos casos em destruição contínua infligida por guerras sem fim. Pode a tentaviva de plantação de raízes de prática democrática nestas sociedades fazer crescer nelas a democracia e potenciar o seu desenvolvimento humano? A experiência já tentada em outras sociedades tem demonstrado que a árvore democrática pode agarrar-se em ambientes difíceis e crescer com o tempo. Em ditadura, geralmente, ao crescimento económico inicial segue-se o seu definhamento.
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A crónica de Vasco Valente publica no Público de ontem não foge à regra que o autor utiliza para continuar a passar recibo. Ver na tentativa de democratização, ainda que mitigada, de um povo sujeito à opressão de tiranos fanáticos, que prometeram destruir o Ocidente, uma superstição perigosa, só pode decorrer de uma visão vesga da sociedade afegã. Que alternativa poderia melhor isolar os talibãs e acantonar o terrorismo? Ninguém sabe. E o Valente Vasco também não.
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"Eleições no Afeganistão? Eleições num país sem espécie de experiência democrática, tribal, analfabeto e pobre? Num país que está em guerra e, pelo menos, parcialmente ocupado? Num país com um Governo corrupto que obedece ao estrangeiro? Num país que os taliban, em aliança ou em competição com os "senhores da guerra", intimidam, matam, exploram e em certas regiões governam? Num país que vive do ópio? Nenhuma superstição do Ocidente é tão estúpida e, em última análise, tão perigosa."
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