Sunday, August 16, 2009

PRODUTIVIDADE E CUSTOS DO SECTOR DA SAÚDE NOS EUA - 2

(continuação do post anterior)

Se a produtividade dos serviços de cuidados médicos é mais elevada nos EUA porque é que os custos de saúde são mais elevados para os norte-americanos que para alemães e britânicos, por exemplo?

Esta a questão a que responde William W. Lewis, em " The Power of Productivity", editado em 2004,

The spending total in the United States is the result of having an extremely complicated system based on the principles that have been so successful in the market part of the U.S. economy. These principles are to have as much private ownership, profit incentive, and competition as possible and to use price cap regulation to correct for market failures. (The marke fails in health care because patients cannot judge the quality of their care and thus cannot stimulate competition among care providers by bargaining over price. Moreover, because the incidence of the need of health care is highly variable, insurance systems are needed. Thus, there is no natural limit on the demand for health care services because patients are paying insurance premiuns and not directly for the services they ask for. ) The result has been doctors operating as thousands of small business, a large health care insurance industry, and micro management of health care by the government and insurance companies. In the midst of all this, patients (and sometimes doctors) feel a great loss of control. They are overwhelmed by the monstruosity we have built.

The large health care insurance industry and the government health care insurance schemes for the elderly and the poor generate tons of paperwork in the reimbursement process... The net result is that the administrative expenses of running the U.S. health care system are at least one-third higher than in any other country. On top of this, the salaries of health care workers and prices of pharmaceuticals and other supplies are much higher in the United States. The United Sates pays twice as much as Germany and the United Kingdom.
... it shouldn´t be surprising that doctor´s income in the United States exceed those in Germany and United Kingdom by more than the U.S. professional average exceeds the averages in those countries. Doctors in Germany and United Kingdom are mostly salaried government employers, who are paid well below private sector levels. Thus the expenses of administering the insurance schemes and the thousands of small doctor´s practices seem to be the problem.
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Há ainda outro factor, que é geralmente citado, a juntar a estes: o dos custos de inovação. Encontrando-se a investigação médica mais avançada nos EUA, o lançamento de novas técnicas implica custos mais elevados no seu lançamento.
Por outro lado, os custos mais elevados dos medicamentos querem encontrar justificação, em grande parte, também no factor inovação: a investigação tem de ser paga pelos consumidores. O que só é verdade em parte uma vez que a investigação básica é, nos EUA, geralmente suportada pelo estado.

2 comments:

Nelson Cruz said...

Para além do referido, parece-me que o facto de os profissionais de saúde poderem ser facilmente processados por negligência e obrigados a pagar indemnizações milionárias também é um factor. Faz com que pratiquem uma "medicina defensiva" receitando exames dispendiosos desnecessariamente. O que por seu lado também empurra as seguradoras à micro gestão, exigindo pré-aprovação de todos os exames e tratamentos, e recusando grande parte deles. Claro que o lucro também é uma motivação para esta prática, assim como para encontrar mil e um motivos para recusar cobertura aos que apresentam doenças graves. Ao menos nós, mesmo que as seguradoras agissem de igual forma (e não tenho indicações disso), podemos sempre recorrer ao SNS.

Quando aos custos dos medicamentos, há uma grande "captura regulatória" nos EUA. São raras as vezes em que a legislação contraria a vontade das grandes empresas farmacêuticas. O facto de ser proibida a importação de medicamentos do Canadá (onde são mais baratos), e a Medicare (um programa do estado) não poder negociar preços com as farmacêuticas, são dois bons exemplos. E como referes o estado financia em grande parte a pesquisa e desenvolvimento, deixando que depois as farmacêuticas patenteiem os resultados e pratiquem os preços que quiserem. Mais, permitem-lhes uma série de truques para prolongar a cobertura das patentes, como patentear intermediários biológicos (compostos gerados dentro do corpo a partir do medicamento), o que impede que empresas concorrentes desenvolvam compostos que são metabolizados da mesma forma e produzem os mesmos efeitos.

Não é à toa que as farmacêuticas têm enormes lucros nos EUA. Se tal é necessário à inovação (há quem discorde) então ainda bem para nós no resto do mundo que os americanos se deixam ser manipulados a pagarem a maior parte da factura. Já se eu fosse americano, então é que não acharia piada nenhuma...

Rui Fonseca said...

Caro Nelson,

Obrigado pelo comentário.
Volta sempre.