Friday, June 01, 2012

PALAVRA DE CAIXEIRO-MOR

Avalio pelo que leio aqui: O custo da nacionalização do BPN para os cofres estatais deverá atingir um valor próximo dos 2,7 mil milhões de euros, de acordo com a informação hoje prestada aos deputados por Faria de Oliveira, presidente da CGD.

Já se ouviu de tudo acerca do preço que temos de pagar pelo mostrengo, que inclui uma variedade enorme de logros e golpes sujos, nas mãos de uma justiça meia adormecida sobre os milhares de páginas que acumulou desde que o escândalo rebentou, uma gestão incompetente a todos os títulos dos caixeiros destacados para se ocuparem de uma marca a que não restava uma gota de credibilidade, uma inqualificável indecisão do governo anterior que transferiu para o actual um ónus sem ponta por onde este pudesse pegar sem contabilizar os fantasmagóricos resultados de tanto crime ainda impune e de tanta incompetência acumulada.

Teixeira dos Santos começou, e sustentou durante muito tempo, que o BPN não havia custado (ainda) nada ao Estado. Sofisma dele, a roçar a maior falta de vergonha, porque ele sabia, toda a gente que sabe o mínimo destas coisas sabia, que tendo sido o BPN nacionalizado e entregue aos cuidados dos descuidados caixeiros, a garantia dada à Caixa pelo governo em nome Estado equivalia a uma perda a ser inscrita nas contas do Estado e sacada aos bolsos dos contribuintes. 

O Caixeiro-Mor, aliás, esclareceu mais tarde, quando era dado como certo que o governo estava de malas aviadas, que a Caixa não contabilizaria quaisquer prejuízos por conta do mostrengo que lhe tinha sido entregue para guarda. Mas nem precisava, uma vez que tinha em mãos a garantia para os profundos buracos do mostrengo e para queles que os caixeiros iriam abrir. 

Depois ouviu-se que o preço já alcançara os 5 mil milhões, depois os 6 mil milhões, ultimamente 8 mil milhões. Agora, o Caixeiro-Mor afirma perante a Segunda Comissão Parlamentar de Inquérito que o preço é de 2,7 mil milhões. "Mais as contingências", acrescentou, explicando que "neste momento é muito difícil avaliá-los [os custos finais]".

Difícil seria fazer pior, caixeiro-mor.
A divida das sociedades veículo do BPN à CGD é de 4,98 mil milhões de euros.
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* Act.- Ouço de passagem por um canal de televisão que Teixeira dos Santos declarou à CI não ter autorizado o aumento das remunerações dos administradores da Caixa destacados para a gestão do BPN.

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