Saturday, August 06, 2011

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Como vão reagir os mercados segunda-feira de manhã, não sabemos. Se houvesse coerência nestas coisas, as taxas de juro subiriam. Talvez moderadamente, mas subiriam, o que não deixaria de colocar aos norte-americanos, até agora a olhar com comiseração desprendida a sorte dos pigs europeus, o peso de meia dúzia de meio escondidos ditadores na situação económica e financeira de muitos milhões de pessoas.

Mais importante, contudo, que a subida das taxas de juro, ainda que muito por causa disso, coloca-se a questão da intromissão arrogante de um concílio privado julgar o mérito de um sistema político democrático e, com base nesse julgamento, pautar a sua credibilidade.

A coerência do downgrade vista de uma perspectiva comparada com os critérios usados para avaliar o risco de crédito dos pigs europeus (muita gente duvidava que alguma das três sumidades alguma vez se atrevesse a reduzir o rating dos EUA ) sossobra quando se olha para trás e para a frente: para trás, porque o sistema político que levou o mundo financeiro à beira do abismo existe nos EUA desde sempre; para a frente, porque, se o sistema se mantiver, e não é crível que mude por imposição desta opinião da S&P, coerentemente os EUA jamais recuperarão o fascinante triple A.

A ver vamos.
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Correlacionados - Os Estados Unidos acusam a Standard and Poor´s de erro de dois biliões de dólares. (aqui ). (Um bilião na Europa - um milhão de milhões - corresponde a "one trillion" na América )
-“A judgment flawed by a $2 trillion error speaks for itself,” a Treasury spokesman said Friday night. (aqui)
- Bolsa da Arábia Saudita, a primeira a reagir ao downgrade da dívida norte-americana, afunda 5,46%. (aqui )  

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