Saturday, March 26, 2011

A BANCA ROTA

Armando Vara, ex-vice-presidente do BCP  recebeu um total de 822 mil euros no ano passado, montante referente ao tempo em que esteve em funções e ao salário que lhe seria devido até ao final do mandato. (aqui)

Como é que se explica que um senhor que se demite por ter sido envolvido (justa ou injustamente, ainda não se sabe nem se sabe se algum dia se saberá) num processo de tráfico de influências tenha direito a ser pago pela entidade de onde se despediu os vencimentos correspondentes até ao fim do mandato que não completou?

Só pode ter uma explicação: A conivência de vários interessados nos tráficos do senhor Vara. Devem ser muitos, e, quando assim é, estaremos, muito provavelmente, perante uma associação de traficantes. A menos que o senhor Vara não tenha praticado os actos de que o Ministério Público o acusa.

De qualquer modo, a dúvida subsiste: Porque pagou o banco a um seu funcionário que se despediu por razões alheias ao banco?

Em 2010, as remunerações totais da administração subiram 14,2% com o aumento do número de administradores. Incluindo totalidade dos encargos com o antigo vice-presidente Armando Vara, o gasto total foi de quase 4,7 milhões, mais 30% que em 2009.


O BCP, ou será o Millennium?, nunca se sabe o nome do figurão,  depois de ter sido um caso de sucesso, segundo se apregoava na praça para iludir os incautos, anda pelas ruas da amargura com as cotações a cerca de 60% do valor nominal. Segundo os mercados financeiros, que lá terão as suas razões, o banco não vale os capitais próprios registados nas contas. O seu presidente disse numa entrevista recente ao Expresso/Economia, que nem ele sabe as razões do estranho fenómeno. 
Mas sabe aumentar-se, a si e aos camaradas. E logo pela medida grossa.
Dir-se-á: É uma entidade privada, que temos nós a ver com isso? Não teríamos nada se o banco um dia destes, quando der de lado, não nos levar a todos um pouco aida mais para o fundo.

A propósito: Se vamos todos pagar pelo menos, e para já, dois mil e duzentos milhões de euros para pagar o roubo do BPN, deveríamos ser informados dos bolsos em que os embolsaram e das diligências feitas para os reaver. Na feira de acusações mútuas em que se tornou a AR, e de que as cinco horas para chumbar o PEC 4 foram um lastimável exemplo, não houve uma única voz a perguntar: Quem nos roubou?
Os dois mil milhões são mais de vinte vezes o valor que o Governo se propõe inscrever para actualização mínima das pensões mínimas depois do discurso desastrado do desastroso Teixeira dos Santos.
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E ainda a propósito: Se o roubo do BPN  (não percebo porque razão lhe chamam buraco) nos custará para cima de dois mil e duzentos milhões quanto nos vai custar o BPP? Na AR, ninguém perguntou.
O chefe do golpe ainda há dias invocava que ainda não é acusado judicialmente de nada. Na AR, ninguém perguntou porquê.

Estarão todos de má consciência com a justiça ou não têm consciência do que está em causa?

4 comments:

Anonymous said...

Concordo na generalidade com este brilhante comentario só não entendo como se conjuga com outras reflexões que encontro neste caderno.
Na realiade como perante casos como BCP, BPP, BPN com gente de todos os partidos do arco do governo se pode desejar amplas alianças?
Juntar os ladrões todos ? Trabalharem em conjunto para nos " chuparem " cada vez mais?

Temos que ter um sistema que garanta sermos governados por gente seria e que penalize tipo Singapura ou China esta escumalha que recebe grossas indemnizações sem o merecer mas apenas por se filiarem num partido politico e criarem uma rede de influencias que lhes garante para eles e amigos impunidade ,

rui fonseca said...

"Na realidade como perante casos como BCP, BPP, BPN com gente de todos os partidos do arco do governo se pode desejar amplas alianças?"

Nem toda a gente dos principais partidos está envolvida em casos escandalosos.Temos de acreditar que a grande maioria não está.
De outro modo, o país seria ainda mais ingovernável.

O estuporado problema político que não tem solução alternativa devcorre de não ser possível opor a um quadrante político de centro direita um outro de centro esquerda. O PS, confessadamente, não consegue coligar-se com o o BE e o PCP, dois partidos que funcionam apenas para capitalizar (a ironia das palavras) os votos do descontentamento mas que não tem um projecto de governo credível.

Não há, portanto, outra alternativa para um governo com suporte político bastante para enfrentar a crise senão uma coligação qnue junte o PS (imprescindível pela estabilidade da sua implantação sua sociológica) pelo PSD e pelo CDS (pela sua representatividade eleitoral), para além de muitos pontos comuns na estratégia para o atingimento de objectivos consensuais.

"Juntar os ladrões todos ? Trabalharem em conjunto para nos " chuparem " cada vez mais?"

Definitivamente, não podemos ir por aí.
Demonizar todos é branquear os verdadeiros culpados.

cateespero said...

Desta vez estou quase a concordar com tudo o que escreveu, mas faltou referir que agora que o pote está a mudar de mãos vão ser nomeados dois do PSD!
A porcaria é a mesma só mudam os figurantes. Acha que o A.B. que já passou por tanto lado e já tem todas as reformas que quer e mais algumas..., ainda precisa deste tacho? Um dia, ele disse que precisava dos vários vencimentos porque tinha uma família grande! Mas que palhaçada, estamos fartos!!

rui fonseca said...

"vão ser nomeados dois do PSD!"

Eu conto pelo menos três.