Saturday, December 12, 2009

ALTA VELOCIDADE PARA ONDE?*

"...É preciso que as políticas sejam credíveis, em particular que tal seja claro para as agências de rating, que já anunciaram que o risco do nosso país aumentou. Já avisaram e eu (e outros) também." - Luís Campos e Cunha/ Ver-se Grego (J Publico, 11.12.2009)
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Caro Professor,

Só com avisos, está mais que visto, não vamos lá. Os avisos são tantos já que se banalizaram. Os seus leitores e os leitores de outros avisadores, lêem, comentam com os amigos, reconhecem, os que reconhecem, que a coisa está preta, mas não mudam uma palha. As vendas de Natal, dizem as notícias, foram antecipadas e excedem já em 10% os valores observados o ano passado. Há dias quis entrar num centro comercial em Lisboa e, pela primeira vez em muitos anos, não encontrei lugar para arrumar o carro.
O Governo insiste que o défice e a dívida se resolvem com o crescimento económico mas não explicam como nem donde é que ele vai saltar. Assegura que não aumenta os impostos mas não indica como baixa a despesa. A oposição ultrapassa o Governo pela esquerda ou pela direita, conforme lhe dá mais jeito,
e aumenta o défice.

Estamos todos cientes que há um buracão um pouco mais à frente mas enquanto há distância há extravagância.

Que fazer?

Esta a pergunta que o seu aviso sugere mas não dá resposta.

Não acredito, como comecei por dizer, que com avisos se altere alguma coisa de substancial nesta nossa progressão para o buraco. Mais do que avisos há que tomar medidas que um Governo minoritário sem apoio parlamentar ou popular alargado não tem condições para implementar.

Como também não acredito que a solução se encontre em eleições antecipadas, ainda que conduzissem à formação de um Governo de maioria monopartidária absoluta, só vejo uma saída: a da intervenção do Presidente da República no sentido de forçar à constituição de um governo com a base de sustentação parlamentar mais alargada possível.

Segundo as últimas notícias, o Presidente da República, recordou que também ele governou com uma base de apoio parlamentar minoritária. Nessa altura, porém, o défice, a dívida pública, o potencial de crescimento económico, a dívida externa, as ajudas da CEE, a conjuntura externa, eram bem diferentes.

O senhor Presidente da República não ignora isso. Porque espera? Pelos ratings revistos de novo em baixa?
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Dissonâncias:

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