Wednesday, February 27, 2008

TODOS OS MINISTROS DA EDUCAÇÃO SÃO MAUS

Em três décadas de democracia ainda não houve um único ministro da educação que se safasse na apreciação pública em geral. Foram todos maus, a julgar pelas notas que obtiveram junto dos estudantes e dos sindicatos, e, muito naturalmente, dos partidos da oposição. Nenhum completou um mandato de legislatura, foram todos substituídos a meio da empreitada ou por queda do governo a que pertenciam. Cabe agora a vez à Ministra Maria de Lurdes Rodrigues dançar na corda bamba para gáudio dos seus opositores, que são muitos, alguns mesmo dentro de casa. A continuidade desta senhora ministra em funções parece agora depender, exclusivamente, da maior ou menor obstinação do primeiro ministro em dar o braço a torcer antes de convidar o próximo masoquista para o lugar.
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Porque só por masoquismo ou atracção pelo palco se aceitam atribuições que à partida estão condenadas a serem reprovadas mais tarde ou mais cedo pela opinião pública. Tal como o seu anterior colega da Saúde, a Ministra teve o seu período de graça, mas entrou agora no plano inclinado. De qualquer dos dois dir-se-á que foram bons ministros por algum tempo mas não souberam comunicar. O que é um equívoco quando não é hipocrisia.
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No caso do Ministério da Educação, é virtualmente impossível governar um barco com tanta gente tendencialmente irrequieta a bordo. Olha-se para a barca aos baldões e parece que o problema da educação é uma disputa interminável entre professores e os ministros que se vão revezando no leme.
E não devia ser.
Os principais grupos sociais interessados na educação - os empregadores, os pais dos alunos e os alunos -, assistem às atribulações porque passa o sector como se nada fosse com eles. Os empregadores porque não são exigentes nas qualificações que recrutam, os pais por que querem sobretudo que os filhos passem, a grande maioria dos alunos porque não são incentivados a aprender mas a passar.
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A única via para acabar com a crucificação sistemática dos ministros da educação é a descentralização do governo das escolas, e da avaliação dos professores, para os municípios. Sem a co-responsabilização dos pais e dos empregadores na melhoria da qualidade do ensino, que envolve também a avaliação dos professores, nenhum ministro será capaz de obter nota positiva.
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Só descentralizando é possível quebrar o sentido de corporativismo que tende a bloquear todas as reformas. A avaliação de professores, e a sujeição dessa avaliação a quotas, é uma roda inventada. A sociedade tem de uma vez por todas escolher entre a utilização da roda ou o arrastar de uma situação que se degrada continuamente.

2 comments:

João Vaz said...

A minha que é professora vai gostar de ler este artigo. O Rui se puder envie-lhe por correio, é uma infoexcluída...mea culpa também !

João Vaz said...

Concordo que o corporativismo entre os professores é uma coisa terrível. Desculpem-me os bons profissionais, mas a mim foram poucos os professores que me ensinaram mais do que vinha no programa. O que é lamentável.