Thursday, July 21, 2011

ACERCA DO ME(S)MO : 9

"não sei se o Governo faz bem em aumentar o preço (dos transportes públicos)..." (aqui)

Caro ZP,

Faz mal.
O problema é que não pode deixar de fazer mal. Está escrito no acordo com a troica . Veja aqui sff (já que a página do Ministério das Finanças parece ter sido retirada):
.
"Iremos preparar um relatório abrangente sobre as 10 empresas do SEE que colocam potencialmente maior risco orçamental para o Estado (acção prévia - prior action ). Até ao final de Julho de 2011, iremos alargar a cobertura deste relatório, para incluir todas as grandes empresas do SEE para: (i) concluir os planos concretos de redução dos custos operacionais gerais das empresas do SEE em, pelo menos, 15% em relação aos níveis de 2009; (ii) rever a estrutura das tarifas, a fim de reduzir a subsidiação, e (iii) aplicar tectos da dívida mais apertados, a partir de 2012 em diante..."

Podia ser diferente? Poderia ter sido diferente. Como?

Do meu ponto de vista, os transportes públicos devem ser contratualmente subsidiados. Acontece que durante anos e anos andou tudo em roda livre. Prevaleceu a desorçamentação, o mesmo é dizer que as dívidas do SEE não eram assumidas como dívida pública mas os bancos continuaram a emprestar porque, realmente, essas dívidas tinham o avale do Estado. Nestas condições, o desastre era inevitável.

Depois, partiram a CP em várias empresas, com vários CA, com vários departamentos, com vários directores, etc. E para quê? Se daí tivesse resultado uma gestão responsável que permitisse solucionar os problemas de uma empresa envelhecida, comprender-se-ia. Mas não. A Refer é, no essencial, a antiga Divisão de Via e Obras que ocupava a ala erquerda do terceiro andar do edifício de Santa Apolónia e milhares de trabalhadores espalhados por todo o país onde passava o caminho de ferro. Criou-se uma empresa que não criou mais nada.

Como os seus principais clientes são a CP e a CP Carga (outra invenção peregrina) e ambas são altamente deficitárias, as clientes não pagam à Refer e a Refer não paga a quem deve.

Mas há mais: No tempo da Divisão de Via e Obras (o ZP ainda não era nem sonhado) os milhares que trabalhavam na via recebiam o que lhes pagavam sem reclamar.

Entretanto, a coisa mudou muito e os ferroviários, assim como todos aqueles ligados aos serviços públicos, passaram a ter direito a uma coisa a que muitos têm mas não podem usar: a greve. E se não lhe atendem as reinvidicações, param os comboios, os autocarros, os barcos, os hospitais, as escolas, as finanças até.

E (quase) toda a gente achou bem esse direito que é universal mas só alguns usam, porque só eles, realmente, podem usar. De cada vez que há aumentos dos serviços públicos há aumentos do preços dos serviços prestados, não sei se está ver?

Esse aumento pode ser diferido através do endividamento mas um dia aparece.

Aí está ele.

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