provedor.ouvinte@rtp.pt)
Senhor Provedor,
Ouço na Antena 1 esta manhã que está em Oslo um enviado especial da RTP para reportar o ambiente à volta do local onde vai ser ouvido o monstro/louco norueguês. Minutos depois, começa a reportagem. O enviado especial debita o que já sabemos. E sente-se bem acompanhado. Estão lá vinte estações de televisão de todo o mundo. Sente-se que o enviado especial, para além de especial, é um enviado feliz.
Feliz, não tanto pelas ajudas de custo que lhe vão pagar, pela oportunidade de uns dias em Oslo, por mais uma saída em serviço ao estrangeiro, mas pela oportunidade que lhe concederam para estar no sítio para onde o mundo, de repente, se recentrou.
Ouvem-no sequiosos, certamente, milhões de radio ouvintes e indignados meia dúzia de caretas que julgam estas deslocações mais uma das paródias com que se gastam os dinheiros dos impostos.
A mim não me admira nada que casos como este do monstro norueguês ocorram de vez em quando mesmo em sociedades geralmente consideradas pacíficas. A humanidade, para além dos instintos primários de bestialidade que a evolução não depurou, tem, costuma dizer-se, gente capaz de tudo.
Acontece que os media, também eles ávidos do sangue que lhes aumenta as audiências, ao promoverem os protagonistas destes actos tresloucados através de intermináveis reportagens põem a salivar os candidatos ao próximo morticínio.
Não há remédio para esta loucura generalizada?
Receio que não.
Pela minha parte, e não me sendo consentido ir mais além, venho protestar contra o envio especial, inútil e perigoso, que a RTP mais uma vez decidiu com o meu dinheiro.
Pelo menos não me sintirei, também eu, culpado do próximo.
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