Nunca tanto se falou de federação europeia, nunca tantos comentadores políticos se afirmaram federalistas como nos dias de hoje, perante o aperto da dívida a que estão sujeitos os europeus dos geralmente designados países periféricos. É, natural, portanto, que o federalismo seja muito mais invocado a Sul que a Norte.
Os federalistas assumem que só uma integração política europeia mais profunda poderá solucionar radicalmente os problemas que a adopção de uma moeda única veio colocar num contexto caracterizado por uma diversidade muito significativa dos níveis de desenvolvimento económico entre os seus membros.
Subsistem, a subsistirão sempre, aqueles que se colocam na posição diametralmente oposta e se recusam a aceitar uma integração que, mesmo a longo prazo, signifique a perda de independência política cujos contornos, contudo, eles próprios não saberão definir com precisão mínima. Uma parte destes, acusa o euro da confusão instalada com a crise das dívidas soberanas mas, geralmente, não sabe como pode recuar-se sem que os custos do recuo sejam mais dramáticos que os dos avanços.
Uns e outros esquecem-se que a construção da Europa não se faz sobre terreno deserto e terraplanado. A construção a União Europeia assemelha-se muito mais a uma reconstrução do que a construção de obra nova. E sabe-se que as reconstruções são sempre muito mais complicadas.
A União Europeia será, um dia, aquilo que livremente os europeus desejarem. Apesar das acusações de antidemocracidade sobre os processos de decisão da sua constituição, geralmente oriundos de sectores eurocépticos, a União Europeia é um espaço de liberdade onde todos o cidadãos são chamados indirectamente a intervir. Como em todos os processos democráticos, também os que definem os caminho da UE são longos e demorados.
Há uns cinco anos li "The United States of Europe" da autoria do norte-americano T.R. Rey. Estou a reler. Seis anos após a sua publicação, a perspectiva de T.R.Rey é excessivamente lisonjeira. E daqui a vinte? Daqui a vinte, se existir União Europeia chamar-se-á "Estados Unidos da Europa"
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