O catedrático da Católica César das Neves afirma numa entrevista ao Expresso de ontem que "há especialistas que dizem que o sucesso no combate à evasão fiscal foi a pior coisa que aconteceu à economia portuguesa nos últimos anos". César das Neves não identifica os especialistas que cita mas é óbvio, pelo decorrer da entrevista, que se há pelo menos dois especialistas no conjunto citado, César das Neves é um deles.
Temos uma economia paralela significativa, mas já foi maior, esclarece o catedrático. Que acrescenta: E vamos tê-la sempre. Em boa parte é isso que nos salva no desemprego e na dinâmica da economia. Os impostos têm sido de tal maneira destruidores da actividade produtiva, que, se Portugal não tivesse esta capacidade criativa, a economia teria morrido há muito tempo..."
Segundo o catedrático César das Neves, portanto, a economia paralela não deve ser combatida mas consentida , e, provavelmente, incentivada, e a fuga aos impostos considerada uma benção para manter viva a economia portuguesa. Consequentemente, César das Neves considerará o compromisso assumido com a troica de reforçar a ficalização do fisco uma ameaça calamitosa.
Quando a generalidade dos economistas considera que a economia paralela é um dos obstáculos ao crescimento económico e ao desenvolvimento social, César das Neves e os seus especialistas afirmam a sua fé na fuga aos impostos como forma de reduzir o desemprego e manter viva a economia.
Assim falava o Zé dos Joanetes, que não é catedrático, acerca dos benefícios dos hallux abductus valgos: Quando me doem mais, já sei que vai chover, e poupo no calçado porque tenho de andar descalço.
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