Somos assim, e não há nada a fazer.
M Sousa Tavares, no Expresso de ontem, diz o que dizem os mais consagrados críticos portugueses: sofremos de um mal profundo, nenhuma lei, por melhor que seja, pode resolver este mal profundo.
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O conhecidíssimo colunista, e escritor consagrado pelo respeitável público (católicos sem serem cristãos, ricos sem vergonha dos meios usados para tal, famosos porque se vendem às revistas sociais, corajosos porque podem espalhar boatos e difamações nos blogues, a coberto do anonimato e sem ter de prestar contas, ou invejosos e revoltados contra a "corrupção dos políticos todos" na mesa do café) escreve isto a propósito do projecto legislativo do Bloco de Esquerda, abolindo o sigilo bancário para efeitos fiscais, que ele, MSTavares considera um bom princípio no combate à corrupção e à evasão fiscal, e da criminalização do enriquecimento ilícito, de que discorda porque envolve a derrogação de um princípio essencial da justiça e um direito fundamental dos indivíduos: "o de que, quando alguém é acusado de um crime, cabe à acusação fazer a prova de que o crime existiu mesmo, e não ao acusado fazer a prova que está inocente."
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Tudo resumido: MSTavares considera que há mérito parcial na iniciativa legislativa mas ela de nada servirá porque não há leis que contenham a nossa atávica colectiva capacidade para lhes desobedecer.
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Assim sendo, porque gasta MSTavares a sua cera com sapatos de tão ruim defunto?
Para cobrar a enceradela.
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