Tuesday, April 21, 2009

ÉPOCA DE CAÇA

Começou ontem a época da caça ao voto.

E ficámos inteirados, desde já, se dúvidas existissem, que os caçadores vão atirar a tudo o que mexa. Todos os argumentos serão bons desde que possam emprenhar nos ouvidos de quem os quiser ouvir. Pelos vistos, uma minoria, já que, segundo as sondagens menos de um terço do eleitorado estará disposto a votar. O que é uma lástima, não pelo nível de participação em si, já que só conta quem vota, mas pela oportunidade perdida para se dicutirem as nossas oportunidades, e também as nossas responsabilidades, decorrentes da integração europeia. De forma não demagógica.

Contudo, no "Prós e Contras" de ontem, o ensaio geral demonstrou que o debate sem truques de eleitoralismo rasteiro continuará a ser postergado. Cada qual arremeterá com o que estiver à mão e na direcção para onde estiver virado.

Um exemplo do síndrome demagógico que atravessa a mente de todos os candidatos cabeças de cartaz (designação mais apropriada à realidade da abundância de cartazes que mais uma vez irá conspurcar a paisagem) foi dado, no "Prós e Contras", pela discussão acerca da subutilização das verbas do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional).
.
Abriu as hostilidades o CC (cabeça de cartaz) do CDS com um ataque surpresa, no entender dele: era ínfima, por culpa do Governo, a utilização das verbas do QREN no fim de 2008. Enquanto o CC do PSD acenava que sim com a cabeça, o CC do PS defendia que não senhor, a utilização situava-se bem acima dos valores exibidos pelo CC do CDS. Por cima da discussão sobrepôs o CC do BE a sua voz grossa e rouca para explicar que uma coisa era a utilização efectiva outra concursos lançados, mas que o que, sobretudo, estava em causa era a subordinação ao défice: Como a utilização dos fundos comunitários exige a comparticipação de fundos próprios, o Governo, amarrado aos compromissos do défice, não pôde acompanhar a parada e ficou-se nas covas. Em conclusão, a culpa é (foi) a devoção do Governo ao défice. A CC do PCP aproveitou para falar ainda mais alto e debitar sobre os malefícios do neoliberalismo que infectou a União Europeia.
.
O défice prometia ser o bode expiatório do serão quando o CC do PSD acusou o PS de ter em lugares elegíveis duas candidatas que também são candidatas a presidências de Câmaras, subvertendo, deste modo, a lei da paridade. Hoje, no Público pode ler-se que Edite Estrela contra-ataca alertando para eventual fraude eleitoral subjacente às declarações de Guilherme Silva ao DN "Há duas candidatas (do PSD) que não vão assumir funções no Parlmento Europeu...".
.
Barroso foi também, obviamente, tema de desacordo entre os CC do PSD e do PS.
.
Com sessões de tricas destas, nós, europeus, continuaremos sem saber quem somos.

2 comments:

A Chata said...

Será que ainda há alguém com pachorra para ouvir os politicos?

E já agora, será que este pessoal aprendeu a tabuada ou as previsões deles são feitas com leitura de cartas de Tarot?

World finance losses 'top $4tn'

The International Monetary Fund has said that the overall losses from the international financial crisis will amount to $4.1tn.
Of the $4.1tn, an estimated $2.7tn comes from losses suffered from US financial institutions, the IMF said on Tuesday, double what it estimated six months ago.
...
http://english.aljazeera.net/news/americas/2009/04/20094211475795819.html

E há os que continuam a sonhar...

Vítor Constâncio afasta necessidade de Orçamento de Estado rectificativo
21.04.2009 - 19h35
Por Lusa
O governador do Banco de Portugal (BdP), Vítor Constâncio, afastou hoje a necessidade do Governo proceder à elaboração de um Orçamento rectificativo perante a derrapagem das receitas orçamentadas, hoje pedido pelos partidos da oposição.

"Um orçamento rectificativo seria absolutamente necessário se estivesse a ser excedida a despesa. Se o problema é a quebra de receitas existem outros mecanismos a ter em conta, mas não tenho neste momento informação própria para fazer essa avaliação", disse o governador do banco central.
...
http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1375732&idCanal=57

isto, no mesmo dia em que

Receitas fiscais com queda de 12,3 por cento no primeiro trimestre
20.04.2009 - 22h11
Por Lusa
As receitas fiscais baixaram 12,3 por cento no primeiro trimestre de 2009 relativamente ao mesmo período do ano passado, penalizadas pelo recuo de 20,3 por cento na cobrança de IVA, divulgou hoje a Direcção Geral do Orçamento.
...
Do lado da despesa, os números da DGO mostram que a despesa do subsector Estado cresceu 4,9 por cento, situando-se em 10.314,7 milhões de euros, e que o grau de execução da mesma foi de 21,2 por cento.

As despesas com o pessoal a baixaram 21,1 por cento, favorecidas por uma alteração metodológica do registo das contribuições do Estado para a Caixa Geral de Aposentações. Corrigindo este factor, as despesas com o pessoal cresceram 0,2 por cento.
http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1375525

Será que há alguém que saiba ao certo o que anda a fazer e a dizer?

Começo a ter sérias dúvidas.

Rui Fonseca said...

"Será que há alguém que saiba ao certo o que anda a fazer e a dizer?

Começo a ter sérias dúvidas."

Eu também.