"E, então, constatarás que há mais vida para além dessa retórica do custo/benefício".
"Não sei porque é que as pessoas acham mal este investimento em Alfândega da Fé, Macedo tem a Estalagem do Caçador e para não falar de outros pontos e ninguém diz que os investimentos são maus mas quando se trata desta pequena vila é sempre mau, mas se fosse feito numa miserável vila do Algarve o empreendimento era excelente."
"Não sei porque é que as pessoas acham mal este investimento em Alfândega da Fé, Macedo tem a Estalagem do Caçador e para não falar de outros pontos e ninguém diz que os investimentos são maus mas quando se trata desta pequena vila é sempre mau, mas se fosse feito numa miserável vila do Algarve o empreendimento era excelente."
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O meu post A FÉ E A ALFÂNDEGA teve o demérito de magoar o meu Amigo de longa data F. Carvalho, orgulhosamente transmontano, e uma jovem residente alfandeguense, a quem também agradeço os comentários que lhe suscitaram aquilo que escrevi. Volto ao tema, não pelo caso abordado, mas pela questão mais abrangente que ele levanta e que pode resumir-se na afirmação do meu Amigo F. Carvalho: "há mais vida para além da retórica custo/benefício".
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Poderemos divagar quanto se queira acerca da existência de vida para além da relação custo/benefício sem que, contudo, possamos escapar à lei que a vida que conhecemos nos impõe: somos sempre em todos os nossos actos conscientes e livres determinados por ela, porque em cada momento optamos pelos caminhos que, calculada ou intuitivamente, nos conduzem às melhores relações entre os custos e os benefícios esperados. Não há, nenhuma razão, para que assim não seja. Mesmo os masoquistas perseguem este objectivo. Se os seus actos nos parecem contrariar esta lei natural é porque o nosso entendimento dos benefícios dos seus actos são opostos aos deles.
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Deixemos o caso do SPA de Alfândega da Fé (que eu tomei como mero exemplo, entre muitos outros) e analisemos o que se passa com o tão discutido (mas não suficientemente) projecto TGV. A propósito, e a título de curiosidade, o custo previsto do TGV, que será largamente ultrapassado, conforme é norma nos investimentos públicos em Portugal, (7 mil milhões de euros) custará, em média, a cada um dos 10 milhões de portugueses um valor sensivelmente idêntico ao custo médio da Estalagem e SPA de Alfândega da Fé para cada alfandeguense.
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Ainda que possamos divergir acerca da rentabilidade deste mega investimento (TGV), há um aspecto que não é passível de discussão: a relação entre os seus custos e os benefícios esperados.
Neste, como em todo os investimentos (em todos os comportamentos, de um modo mais geral), os custos não são apenas aqueles que têm de ser suportados na sua realização. São também, e prioritariamente, os custos de oportunidade ou de sacrifício de outras alternativas.
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Os recursos são escassos. Os recursos que vão ser envolvidos na realização do projecto TGV não serão utilizados em outros projectos alternativos que, eventualmente, poderão ter do ponto de vista do interesse dos portugueses, uma melhor relação custo/benefício. Para além deste sacrifício de projectos alternativos determinado pela opção por "elefantes brancos", estes acabam por corroer a economia do país exigindo-lhe crescentemente alimentação para os seus défices.
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Não será também este o caso do complexo turístico do Alto da Serra de Bornes?
Se daqui a uns anos a Sandra ( e o meu Amigo Francisco) ao subirem até lá cima encontrarem uma unidade hoteleira e lazer que cumpriu o que prometeu, vejam-me a vosso lado tão satisfeito quanto vós.
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Acrescento que me maravilhei com o que vi em Trás-os-Montes: os vinhedos, as amendoeiras, as cerejeiras, os olivais, cuidados com um esmero como não se vê em outras regiões de Portugal. Vou muito poucas vezes ao Algarve. Desgostam-me as cidades congestionadas de construções de gosto duvidoso, a descaracterização das povoações, o abandono dos campos. Já não há amendoeiras no Algarve.
E não há ainda coisas muito bonitas no Algarve, perguntar-me-ão os meus Amigos algarvios? Há sim senhor, mas estão geralmente rodeadas de coisas menos boas.
1 comment:
Portugal esta nu de pobreza e divida externa.
Primeiro ministro mente quando diz que nao temos alternativa a cosntruçao do TGV e do novo Aeroporto.
Aviaçao é um negocio instavel. Basta o Petroleo subir para que a aviaçao praticamente desapareça. Porque deve Portugal gastar tantos milhoes de euros num negocio que pode desaparecer dentro de uns anos?
Podemos habilitar base Low Cost na margem Sul para os voos Low Cost e ir utilizando a Portela para os voos de Longo curso.
O TGV é uma mania do Primeiro Ministro.
A linha do Norte esta saturada. O Alfapendular so trasnporta 300 pessoas de cada vez o que é uma gota no oceano de 10 milhoes de pessoas que vivem entre Setubal e Vigo.
Soluçao de Socrates é construir uma via ferroviaria paralela em TGV.
Soluçao mais barata é aproveitar a linha atual e colocar comboios com maior capacidade a circular como o IC2000 que trasnporta ate 1400 pessoas de cada vez nos seus dois andares a 200km/h em outras linhas saturadas da Europa.
Primeiro Ministro é engenheiro e pensa que a unica soluçao para os problemas de Portugal sao as obras, se fosse medico a soluçao seriam os hospitais.
Mas quem paga estas obras todas sao os portugueses com os seus impostos.
Em 2007 a CP Longo Curso trasnportou menos de 5 milhoes de pessoas o ano todo, o que da um pouco menos de 14 mil pessoas por dia. Quem vai entao andar de TGV?
Se a CP utiliza-se o IC2000 (1400 passageiros por comboio) na linha do Norte em vez do pendular (300 passageiros por comboio) num so dia com 18 viagens poderia trasnportar na linha do Norte 50 mil pessoas (18 milhoes pessoas por ano), quase 4 vezes mais do que TODA a CP Longo Curso transportou diariamente em 2007.
Primeiro Ministro deixa de mentir aos portugueses ou aprende alguma coisa sobre administraçao de dinheiro que nao é teu antes de começar a gastar ao desbarato.
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