OS LUCROS OPERACIONAIS E OS OUTROS

Sou da opinião, que várias vezes manisfestei já neste caderno de apontamentos, de que a RTP (mas também a RDP) deveriam ser privatizadas. Por uma razão simples, que muitos consideram, depreciativamente, economicista: os encargos que este luxo (muitas vezes lixo) custa aos contribuintes.

Argumentam amigos meus, que discordam de mim, que a RTP pública se justifica, por um lado, como forma de salvaguardar alguma qualidade televisiva e, por outro, de independência relativamente aos interesses económicos; acrescentam ainda o argumento de que vários países europeus possuem canais de televisão públicos.

Quanto ao primeiro ponto, lamentavelmente a RTP não se destaca significativamente dos canais privados em matéria da qualidade dos conteúdos transmitidos. Exceptuam-se alguns casos, raros, que com boa vontade poderíamos considerar de serviço público, uma coisa que ninguém sabe bem o que é. Mas esses programas poderiam ser transmitidos em qualquer dos canais privados desde que nas concessões (que o Estado atribui) a disponibilidade de espaços televisivos para aqueles efeitos estivesse considerada. Quanto à independência do poder económico ele nunca se resolverá por esta via, porque essa independência só existirá quando o poder político não depender dos favores do poder económico, questão que não se resolve enquanto se mantiver a promiscuidade que o actual sistema de financiamento dos partidos incentiva.

Quanto ao argumento de que vários países europeus possuirem canais públicos de televisão, contraponho que temos um grau de crescimento de endividamento externo que necessitamos imperiosamente de inverter e que essa inversão não se consegue com a utilização de uma só medida (a redução dos salários está, por razões políticas defensivas, afastada, além de não resolver o problema estrutural da nossa economia) e, portanto, impõe a adopção de várias. Dito de outro modo: não me preocupariam tanto os resultados negativos da RTP se não me preocupasse o endividamento externo do país.

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Há dias, a RTP anunciava que os seus resultados operacionais tinham sido positivos pelo quarto ano consecutivo. Em 2008 teriam atingido, salvo erro, cerca de 9 milhões de euros! Guilherme Costa, o actual presidente do CA, mostrou na pantalha o seu regozijo. Esqueceu-se, porém, de referir que os resultados líquidos (aqueles que resultam de aos operacionais se retirarem os custos financeiros) tinham sido negativos de cerca de 45 milhões de euros, e, contrariamente ao previsto no plano de reestruturação financeira, estão em crescimento imparavelmente negativo.

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Até quando?