Saturday, April 25, 2009

35 ANOS DEPOIS



Liberdade é palavra que, indiscutivelmente, melhor se identifica, aparentemente, com o movimento militar que há 35 anos derrubou a ditadura.
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E, no entanto se durante estas três décadas e meia Portugal mudou muito à superfície, aquilo que nos caracteriza idiossincraticamente como povo, mudou pouco, se mudou relevantemente alguma coisa, depois de recuperada a liberdade perdida.
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Continuamos a conviver sem arrependimento nem revolta com as pragas que, sem sobressalto, se adaptaram às circunstâncias e continuam a corroer as raízes do nosso desenvolvimento humano colectivo.
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A corrupção, as cunhas, as borlas, são marcas profundas de uma sociedade que se acomodou a uma vivência sem exigência nem responsabilização que o exercício salutar da liberdade impõem.
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Não há liberdade sem justiça. A incapacidade evidenciada pela Justiça, em cada dia que passa, para garantir uma convivência social sustentada nos valores que asseguram o triunfo do mérito e do trabalho, e promovem a prosperidade das socidades, sobre o corporativismo e a conivência de interesses espúrios, demonstra que a liberdade reconquistada não se infiltrou no nosso carácter colectivo.
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Quando, em vésperas de três actos eleitorais, continuamos impavidamente a beber da água do pântano que a Justiça não limpa, a água limpa da liberdade não está a passar por aqui.

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