Thursday, August 21, 2008

ECONOMIA DA ÁGUA


João Vaz ilustra no seu blog um exemplo da forma como são frequentemente de forma irresponsável geridos os interesses públicos. O caso concreto é o desperdício de água, o local a Figueira da Foz, mesmo em frente da Câmara Municipal. Lamentavelmente, nem é só com a água que se observam desperdícios, nem a Câmara da Figueira da Foz tem o exclusivo da irresponsabilidade. Lamentavelmente, é frequente observarem-se um pouco por todo o lado perdas de água jorradas por rupturas na rede ou descontrolo na sua utilização. Mais lamentavelmente ainda são as perdas resultantes de rupturas que não dão sinais à superfície.
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Quem paga todo este desperdício? Os consumidores particulares sob a forma de preços acrescidos.
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Há solução? Há, pelo menos, meia solução: A água consumida pelos órgãos do Estado, centrais ou locais, deveriam pagar à empresa (municipal ou não) a água que consomem ao preço corrente pago pelos consumidores em geral. Não se evitariam descuidos mas pelo menos saber-se-ia quanto eles custam. A distribuição da água deveria ser concessionada a empresas privadas, suscitando-se deste modo a concorrência e a responsabilização pelo melhor aproveitamento de um bem cada vez mais escasso.
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O que se passa com o consumo de água passa-se com todos os bens ou serviços cujo preço é nulo ou subsidiado: gera desperdícios. E esta tendência para o desperdício daquilo que é, por uma razão ou outra, desvalorizado é universal, observando-se tanto nos comportamentos das entidades públicas como dos indivíduos. O desperdício na utilização de muitos edifícios por órgãos centrais ou locais da administração pública é outro exemplo flagrante de desperdício por ausência de imputação de custos. Há algum tempo, ouvimos que seria intenção do governo adoptar critérios de imputação de rendas pelos espaços ocupados por entidades públicas. Suponho, contudo, que foi mais uma ideia que ficou nas cascas.

3 comments:

António said...

Parece impossível!
Como é que o meu caro se deixa levar assim de carrinho?
Aceito que pegue no post e na foto do citado blog para sublinhar o que escreveu.Não mais que isso.
Porquê?
Porque deve ser muito difícil regar uma área relvada com passeios pelo meio sem molhar os ditos.
Se a rega é feita por aspersores, que regam por áreas como quer que se molhe só as plantas e a relva e não se molhe o que está no meio?
Aconselho-o a visitar o blog que referiu, a procurar o post do mesmo autor em 10/07/07 e apreciar a foto que ilustra a relva queimada por falta de água.
Em que ficamos, rega-se e não se deixa queimar a relva ou não se rega para não molhar os passeios?
Há papistas mais papistas que o papa.
E não é você.

Rui Fonseca said...

Tiro-lhe o chapéu António pela oportunidade da sua observação e agradeço-lhe a sua chamada de atenção que pressupõe um interesse que muito me honra. Suponho que o João dirá o mesmo.

E, no entanto, é bem possível, como bem sabe, haver desperdício por excesso de água ou água a cair fora do sítio, ou simplesmente a correr para as sargetas (na Figueira chamam-lhe, ou chamavam-lhe boeiros) e relva seca por não cheirar pinga de água.

De modo que, salvo novos dados que me obriguem a rever a opinião acerca do assunto, parece-me que posso manter o que disse.

A Chata said...

Revealed: the massive scale of UK's water consumption

Each Briton uses 4,645 litres a day when hidden factors are included
• Felicity Lawrence
• The Guardian,
• Wednesday August 20 2008
• Article history
The scale of British water consumption and its impact around the world is revealed in a new report today, which warns of the hidden levels needed to produce food and clothing.
The UK has become the sixth largest net importer of water in the world...
Only 38% of the UK's total water use comes from its own resources; the rest depends on the water systems of other countries, some of which are already facing serious shortages.
...
Experts at this week's World Water Week forum in the Swedish capital are increasingly talking of fresh water as "the new oil", a finite resource that is running out in some areas and will become more and more expensive with a knock-on impact on consumer prices.
...
The WWF report identifies Spain, northern African countries including Egypt and Morocco, South Africa, Israel, Pakistan and Uzbekistan as countries which face acute water stress and yet supply the UK with substantial exports of their water.
http://www.guardian.co.uk/environment/2008/aug/20/water.food1

Running dry
Aug 21st 2008 | NEW YORK
From The Economist print edition
Everyone knows industry needs oil. Now people are worrying about water, too
“WATER is the oil of the 21st century,” declares Andrew Liveris, the chief executive of Dow, a chemical company. Like oil, water is a critical lubricant of the global economy. And as with oil, supplies of water—at least, the clean, easily accessible sort—are coming under enormous strain because of the growing global population and an emerging middle-class in Asia that hankers for the water-intensive life enjoyed by people in the West.
Oil prices have fallen from their recent peaks, but concerns about the availability of freshwater show no sign of abating. Goldman Sachs, an investment bank, estimates that global water consumption is doubling every 20 years, which it calls an “unsustainable” rate of growth. Water, unlike oil, has no substitute. Climate change is altering the patterns of freshwater availability in complex ways that can lead to more frequent and severe droughts.
Untrammelled industrialisation, particularly in poor countries, is contaminating rivers and aquifers. America’s generous subsidies for biofuel have increased the harvest of water-intensive crops that are now used for energy as well as food. And heavy subsidies for water in most parts of the world mean it is often grossly underpriced—and hence squandered.
...
http://www.economist.com/business/displayStory.cfm?source=hptextfeature&story_id=11966993

El desierto avanza sobre España
La sequía extrema acecha al 37% del territorio - El Gobierno tarda cinco años en aprobar el Programa de Acción Nacional de Lucha contra la Desertificación
E. DE BENITO - Madrid - 20/08/2008
España se seca. Un 18% del territorio corre un riesgo alto o muy alto de desertificación; otro 19%, un peligro medio. Ésa es la realidad y el punto de partida del Programa de Acción Nacional de Lucha contra la Desertificación (PAND) del Ministerio de Medio Ambiente, Rural y Marino, que acaba de entrar en vigor tras su publicación ayer en el BOE. La iniciativa, sin nueva dotación presupuestaria, llevaba desde 2003 en manos del Gobierno, cuando la sequía acechaba a un 31% de la superficie, y ya entonces acumulaba un importante retraso. Ahora la amenaza de la desertificación alcanza el 37%.

http://www.elpais.com/articulo/sociedad/desierto/avanza/Espana/elpepusoc/20080820elpepisoc_3/Tes

Isto são só 3 dos muito artigos escritos sobre o assunto.
Parece-me que o problema é mais grave do que relvas regadas ou não regadas...

Já agora, a privatização das empresas de distribuição de água que foi feita no Reino Unido não deu grandes resultados. A manutenção da rede básica é dispendiosa e obriga a empregar muito pessoal (que não pode ser contratado na China ou India) o que vai contra o objectivo principal (e muitas vezes unico) de qualquer empresa privada:LUCROS!

Será que não está na altura de aprendermos com os erros dos outros em vez de copiar cegamente as 'receitas' da moda?

Podem ficar descansados que se vai pagar a água mais caro não tarda muito.
Aqueles que poderem pagar, claro.
Os outros ???

Man beaten to death in water row
By James Grubel in Sydney
Published: 02 November 2007
A retired lorry driver died after being kicked and beaten during a row about water restrictions, police in Australia said yesterday.
Ken Proctor, 66, was watering his lawn in the Sydney suburb of Sylvania on Wednesday night when he was allegedly attacked by 36-year-old Todd Munter.
Mr Munter, who lived near Mr Proctor, is said to have walked past and made a remark about wasting water. Mr Proctor then turned his hose on Mr Munter, prompting a fight, a police spokesman said. An off-duty officer intervened and arrested Mr Munter but Mr Proctor died in hospital after having a heart attack.
"He was hit in the head and then went into massive cardiac arrest," said an ambulance spokesman.
Mr Munter, who is charged with murder, appeared in court yesterday but did not enter a plea. He seemed close to tears as he was remanded in custody.
Council officials confirmed that Mr Proctor had been complying with Sydney's strict drought restrictions, which state that watering with hand-held hoses is allowed only on Wednesdays and Sundays before 10am and after 4pm.
Australia is suffering its sixth year of severe drought and all major cities have imposed restrictions on household water consumption.
http://news.independent.co.uk/world/australasia/article3121186.ece