Friday, August 29, 2008

AMANHÃ, O MUNDO

"O Ocidente principalmente não percebeu que, para a Rússia, uma verdadeira democracia e uma verdadeira economia de mercado eram um puro suicídio" - Valente Vasco
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Um dos aspectos mais inquietantes da geoestratégia no mundo actual é a incógnita que se coloca à possibilidade de compatibilizar a convivência planetária de regimes democráticos com outros que assumem diferentes gradações de autoritarismo governativo num mercado global com vantagens recíprocas para todos.
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Os jogos olímpicos de Pequim exibiram ao mundo a vitalidade incomparável da economia chinesa, qualquer que seja o período histórico considerado, mas também reforçaram a enorme interrogação que se coloca à possibilidade de poder subsistir o crescimento económico para patamares de riqueza médios comparáveis aos do Ocidente enquadrado por um regime que restringe, sem qualquer disfarce sequer, as liberdades individuais.
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Ainda que por caminhos diferentes, a China e a Rússia encontram-se na mesma encruzilhada: A dimensão territorial e o passado histórico impregnaram nos seus tecidos sociais vulnerabilidades que podem não suportar o peso das consequências da vivência em regimes democráticos, aqueles onde as liberdades individuais estão asseguradas e cada cidadão tem um direito de voto.
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Olhando o passado, a liberalização do comércio provocou gradativamente a progressão da democracia. A questão elementar que se coloca então é a de avaliar em que sentido vai caminhar a liberalização comercial mundial agora que começa a perceber-se que, confrontados com os custos democráticos, a Rússia parece recuar no seu relacionamento com o Ocidente e na China procuram inventar outra forma de democracia.
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Se amanhã o mundo não for mais livre, recuará a liberalização do comércio. As consequências políticas podem ser dramáticas. O recuo do comércio é sempre premonitório do avanço da guerra. A garantia da paz passa pela continuação da luta pela liberdade em toda a parte onde ela se encontre vulnerabilizada. A estratégia do Ocidente não pode ser de recuo nessa luta.

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